quarta-feira, 28 de junho de 2017

RETRATOS DA VIDA...


Com Palhano Jr. em exposição no ICBEU - BH (ANOS 90). Ao fundo o retrato de Bidu Sayão pintado por mim e ofertado a ela. Hoje encontra-se incorporado ao acervo do Metropolitan de Nova York





Com: Jaime Dias ( violonista); Odette Ernest Dias ( Flautista da OSB) e Adélia Prado ( Escritora)
Com Selma Weissmann e Lilian Chaves.
Com Odette Ernest Dias e Adélia Prado. 
(Anos 90)

A PRAÇA DA LIBERDADE NÃO ESTÁ SÓ...

Em sintonia com o título desta matéria, a praça da Liberdade não é a única afetada pelo descaso  do poder público.Símbolo da história desta capital, por muitos anos foi sede do governo do estado, palco de acontecimentos que marcaram os destinos deste país. Local  que, segundo a lenda, terá sido amaldiçoado por uma velha, considerada bruxa, que arrenegou o palácio  que seria construído no local em que morava, tendo sua casa desapropriada pela comissão que executava a construção da nova capital.Comentava meu avô, pioneiro, vindo de Ouro Preto,em razão do cargo de funcionário que ocupava,que o descontentamento com a transferência da capital acabou gerando pragas à "Cidade  Minas"(como fora batizada  a futura Belo Horizonte).Muita gente, revoltada,chegou a formar núcleos de "rezas bravas", macumbas, enfim, tudo que fosse possível para maldizer a nossa cidade. E parece que nalguns aspectos, tais antagonistas conseguiram lograr algum êxito.
Talvez eu esteja exagerando,mas, a coisa por aqui anda difícil!A indigência crescente, em que pessoas ocupam os logradouros, instalando-se miseravelmente,dormindo no chão,fazendo suas necessidades fisiológicas  em plena via pública, enfim, doloroso quadro considerado por algumas instituições como "direito".Direitos humanos, proclamados pela constituição como expressão da plena liberdade, em torno do qual,  nada se pode fazer, sob pena de se cometer uma arbitrariedade.Mas, se esquecem de que a responsabilidade do governo é propiciar a essa gente infeliz, condições de sobrevivência.De sobevivência pela educação, saúde, pelo saneamento básico, emprego, obtenção de renda.Em suma o dever de conferir a todo e qualquer cidadão, meios  para que todos tenham a devida ascensão social, etc. etc. Nunca, porém, esse populismo "misericordioso" da esmola como subsídio e maneira de se estabelecer o "eleitor de cabresto". Cujo voto é vendido por qualquer tostão.Ou, por vezes, em troca de um pão com mortadela, como se tem visto por aí...E de que modo fica o direito do cidadão que produz, paga impostos,em suma, que contribui para o bem estar das pessoas, sob quaisquer prestações de serviços? Este cidadão passou a não mais ter nenhum direito sobre as praças , principalmente as praças "revitalizadas", a elevadíssimos custos e destinadas aos desocupados, concorrentes dos miseráveis. Desocupados e criminosos.Pichadores que danificam bens públicos e particulares.Além de assaltantes que , por um celular de um adolescente, é capaz de cometer homicídios! Que "direito" é esse que vale, apenas, para alguns?
Volto à praça da Liberdade, para dizer que não está só.Ao contrário, suas paritárias encontram-se em situação bem pior.Ei-las:
PRAÇA RAUL SOARES: talvez a mais visada, não só pela sua localização,mas por ser passagem para o Hipercentro, Barro preto, Lourdes e Santo Agostinho.Entrecortada por  quatro grandes avenidas, dispõe de imenso espaço ajardinado, com fonte(outrora luminosa) e frondosas árvores, espécie de "paraíso"aos que a adotam para ali se acampar. Seus moradores que se danem.Nem mesmo lhes tem sido possível utilizá-la civilizadamente.Mas o IPTU não para de ser cobrado, sem nenhuma contraprestação ao contribuinte.A gente reclama com um policial e ele responde:"...não posso fazer nada, porque a constituição proíbe".No mínimo, piada que transforma gargalhada em revolta.Se a reclamação segue para prefeitura, tudo é prometido, mas,o atendimento dificilmente verificado.Se atende,logo logo,  o problema volta a se manifesta.Vide a esquina da Olegário Maciel, subindo para Lourdes, em frente ao JK. Um bando que a adotou como sua propriedade.O mínimo que faz é emporcalhar o ambiente, desalojando o comércio que não consegue conviver numa parceria de tal ordem,mediante absoluta razão.
Paisagisticamente, a Raul Soares foi maltratada. Os nobilíssimos postes de bronze e luminária cristalizada, foram substituídos por uma espécie de paus de fósforos gigantes, alguns já desmontados,sem reposição. Feios, jecas, sem relação paisagística com a praça, outrora cartão postal.Luxo que acabou virando lixo!!! E como ficam os moradores, com seus imóveis  desvalorizadíssimos? Olhem  o que se fez no "entorno": quarteirões fechados, inviabilizando a entrada principal do ed.Casablanca, tombado pelo patrimônio.E o quarteirão da avenida Augusto de Lima com a rua Sta Catarina? Um reduto de absoluta licenciosidade sexual, de baderna e poluição sonora.Como acontece, também, na avenida Bias Fortes, com seus bares barulhentos até altas horas da madrugada.Bem debaixo de  edifícios residenciais(Indaiá e Belo Horizonte).
A fonte imunda, passou a ser lugar de natação, banho e lavanderia.Uma vergonha desmedida.E não há reclamação que tenha êxito,ficando tudo, por isso mesmo,com os canteiros pisoteados, sem nenhuma flor,onde deveriam ter rosas...
PRAÇA SETE: que sempre foi a referência cívica Belo Horizonte, é hoje um mercado de camelôs sem limites, envolvendo pseudos artesãos que se dizem artistas, mas, na maioria desocupados,barulhentos, com talento para a droga e  o banditismo.Gentalha  pelos "encantadores" equipamentos,onde ficam deitados, assentados, urinando, evacuando, etc, etc.Quarteirões fechados, absolutamente descaracterizados por uma "urbanização"ridícula, a começar do pirulito, com seus postes laterais, descaracterizados por luminárias de material inferior, horríveis,  tanto quanto inadequadas, como as que foram colocadas na Raul Soares.Nada menos que desfiguração do requinte paisagístico anterior à "revitalização".
Seria bom que os encarregados de tais projetos, fizessem um estágio no Rio de Janeiro e dessem uma "olhada" na Cinelândia e adjacências, observando sobretudo os postes e os mosaicos que ornamentam toda área.Verdadeiros tapetes, ao contrário do que se tem feito aqui.
PRAÇA CARLOS CHAGAS:até então, um local muito agradável, bem frequentado, bucólico, com excelente pavimentação de pedras nobres. Noutras palavras, livre de demandas impróprias, tais como os skates que,agora, ameaçam aos que transitam por lá.Dominando toda antiga beleza da praça, a igreja N.Sra. de Fátima, principal indicação religiosa e turística, dispunha do seu adro(hoje inexistente) e o estacionamento que tanto  contribuiu para o "Caritas", projeto de benemerência,criado e dirigido pela dita paróquia.Além do mais, facilitava o acesso de fiéis às missas de sábado e domingo.
Com a "revitalização" que durou meses de dispêndio de dinheiro público, a praça perdeu seu charme.Virou uma espécie de parque,envolvendo a frequência, inclusive de vândalos.E o mínimo, foi a pichação, até então inexistente. Obra, em que o atual piso, sempre imundo, lembra os arcaicos "vermelhões", que foram matizados com material branco, à obtenção de uma cor rosada.Material tão inferior, que já se notam rachaduras, em meio a um chão encardido,manchado e até pichado.
A Assembléia Legislativa de |Minas Gerais, juntamente com a Prefeitura Municipal,-ao que consta- , responsáveis pelo projeto, não tiveram a esperada  consideração com a igreja católica.Neste aspecto, o emérito Padre Tadeu, então vigário, acabou vencido.E vencida ficou a igreja, ao ponto de quase perder  o prédio ao lado, construído para funcionar como secretaria e dependências para as indispensáveis necessidades da paróquia.A alegação é de que " enfeiava " a paisagem...Diga-se de passagem que por meses, somando mais de um ano,as obras quase inviabilizaram o acesso à igreja, com prejuízos aos seus frequentadores. O resultado talvez tenha beneficiado, apenas, o reduto da Assembléia e a criação de área de lazer que sem dúvida, pode ser considerada oportuna,lamentando-se, entretanto,a perda do estacionamento.
Com a nomeação do novo vigário, Padre Fernando, a igreja vem passando por inúmeras reformas e só Deus é testemunha da luta que o dinâmico sacerdote-com sua energia e peculiar dedicação- tem passado.Mister que o estacionamento seja recuperado, pelos benefícios que gera.
A SAVASSI:considerado centro de tradição cultural e comercial, a reforma pela qual se submeteu, quase levou à falência inúmeros estabelecimentos,lojas, galerias e congêneres.Durou um tempo enorme, com resultados que, apenas, deformaram tudo de bonito que ali havia. A começar pelas estruturas metálicas, tão jecas e tolas como jamais se vê numa metrópole. Sinais luminosos de trânsito, dependurados como roupa no varal; indicações de ruas e avenidas, numa provinciana concepção de inúteis equipamentos. Hoje totalmente pichadas, as inconcebíveis armações, com seus penduricalhos,só prestam mesmo para serem removidas, ainda que tanto dinheiro  terá sido jogado no lixo. E o povo pagando IPTU, para que? 
Aliás, em matéria de bom gosto paisagístico, Belo Horizonte que já foi bonita, mais parece, agora, uma colcha de retalhos, a partir dos edifícios aprovados pela prefeitura, autênticos caixotes erguidos sem qualquer  restrição. 
Invadida, como as demais praças revitalizadas, por desocupados, bandidos e vândalos, a Savassi não escapou, tornando-se lugar perigoso, notadamente à noite. Perigosa mesmo, além de perder sua expressão turística.
O tema abordado não esgota tanta reclamação em torno das ruas, praças e avenidas da cidade. Por exemplo, os passeios mal pavimentados, com mosaicos de um lado e cimento cru do outro, ainda que tenham a trilha para deficientes visuais, são feias arapucas, principalmente para estes, em que indicações os levam para um poste; uma vala ou para um ponto inconsequente.
MORAL DA HISTÓRIA: em que pese ser a praça da Liberdade um marco  de relevante expressão, mister que se pense na sorte  das demais e de outros logradouros. É dever do governo municipal zelar pela conservação de toda cidade.A nossa imprensa, de certa maneira, tem sido omissa na medida em que só enxerga uma única praça, esquecendo-se das outras. É o espírito provinciano que parece persistir, como se Belo Horizonte fosse uma cidade de uma só praça. Mas é lamentável, muito lamentável, que a praça da Liberdade  se encontre numa situação deplorável.Quanto às demais, é bom nem comentar,sob pena de sermos acometidos de um infarto...Haja coração!!!




Retrato do soprano Bidu Sayão




.Retrato que tive a honra de pintar e oferecer ao soprano Bidu Sayão- a mais aclamada soprano pátrio, em todo o mundo. Com seu espírito altruísta, a meu ver mais que generoso, enviou-me uma carta do Maine, em que me agradece como minha "admiradora", o que me incentivou a prosseguir como pintor. Mais tarde, conforme se vê neste blog, a maior chance da minha vida jornalística foi tê-la conhecido,quando pude entrevistá-la, dela recebendo toda espécie de carinho a um "patrício". O Brasil, a meu ver, não correspondeu  devidamente, a um dos seus grandes ícones.Sequer, a estrela fora lembrada, quando se comemorava em New York, no Metropolitan Opera-sob pompas e circunstâncias- o centenário da cantora. Também  apontada, ao lado de Katharine Hepburn(várias vezes premiada com a premiação máxima do cinema, o Oscar),como as duas mais importantes mulheres, nos Estados Unidos, do Século XX. Por aqui, ninguém falou ou fez coisa alguma.Esperava-se que, pelo menos, a então direção do Municipal do Rio de Janeiro ( terra da cantora), fizesse algo de relevância mundial...

segunda-feira, 26 de junho de 2017

THEATRO MUNICIPAL DO RIO:VÍTIMA DE INUSITADO DESCALABRO

PROVA TAL A CONFIRMAR O QUANTO A ALTA CULTURA NESTE PAÍS ESTÁ SOLAPADA - COMO SEMPRE, OLAVO TEM RAZÃO!

O mínimo que se pode dizer é que o país convive com inusitado descalabro cultural.É o que se depreende do noticiário da imprensa escrita, televisiva ou radiofônica.Notadamente a cidade do  Rio de Janeiro, nossa portentosa sala de visitas;que encanta o mundo não só pela beleza natural, como pelas incomparáveis manifestações artísticas, lideradas pelo Carnaval,é a grande vítima da corrupção. Na mesma sintonia, o seu Theatro Municipal, cuja história desponta riquíssima, desde a sua fundação nos primórdios do século 20, encontra-se assolado,  praticamente destruído!Edificação predominante na Cinelândia, lembra o L'Opera, de Paris.Não só pela arquitetura de requintado gosto, como por sua tradição, de incomparável valor artístico e cultural, demonstrada por uma programação diária. Óperas, balés, concertos, recitais, teatro,enfim, toda gama que emoldura a grandeza de um povo,a nobre Casa exibe com o justo orgulho de um das mais destacadas do mundo.
Convivi de perto com satisfatório clima que existia naquele "templo da música", tendo conhecido um dos seus mais aclamados diretores. Murilo Miranda, assim como Adolpho Block, Matheus Torloni, José Mauro de Vasconcellos, dentre outros tão ilustres que deixaram indeléveis marcas de gestões exemplares. Na direção artística- o grande suporte de um teatro- a maestrina Cláudia Morena desponta defensora de prodigioso exercício, sobretudo dos intérpretes. Historicamente, Gabriella Besanzoni Lage, terá sido, sem nenhuma dúvida,a mais valorosa das diretoras.Haja visto que Paulo Fortes foi uma das revelações incentivadas por ela.Ademais, considerada a nossa maior "Carmen" de todos os tempos,título ostentado no Theatro Municipal. Cantores e cantoras, também preparados por ela, na condição de co-repetidora das grandes montagens líricas. Co-repetidor é a pessoa  incumbida de passar todo repertório,avaliando as possibilidades de um cantor ou uma cantora, ao mesmo tempo corrigindo deficiências e apontado acertos.Em suma, responsável pelo aprimoramento interpretativo dos que executam papéis complexos, nos diversos espetáculos de uma temporada.Função que Cláudia Morena exerceu por longo tempo,com absoluta capacidade.
A ópera é considerada a mais abrangente das encenações teatrais.Envolve maestros, regisseurs, bailarinos, cenografistas, estilistas(guarda-roupa), iluminadores, coreógrafos, além dos cantores.Entre nós, ao contrário de muitos países, compete ao estado definir dotações orçamentárias para acobertar as decorrentes despesas.Consequentemente, o governo acaba assumindo o poder de nomear elementos para a sua direção,nem sempre coerentes com os objetivos da instituição, gerando prejuízos à consecução dos seus objetivos.
O Municipal é, por excelência, um teatro lírico. Ou seja, destinado à ópera e congêneres.Para tanto, não pode prescindir dos chamados "Corpos Estáveis" que são a orquestra, o balé e o coro. Sem os quais, não é possível levar adiante a montagem de um espetáculo de tal envergadura. Bom lembrar que toda essa gama de intérpretes dedica tempo integral ao seu trabalho. No mínimo, oito horas de jornada diária, incluindo às vezes,  os sábados, domingos e feriados no calendário de "dias úteis".E os ensaios costumam ocorrer noite e madrugada  adentro!!!
 Nada menos que tamanho esforço e persistente abnegação,definem o caráter profissional dos que prestam a sua contribuição(  ou até mesmo a própria vida), em prol da edificação da nossa grandeza musical. Impossível seria relacionar tantas celebridades, nas quais se incluem  integrantes internacionais, como Enrico Caruso ou Claudia Muzzio que adoraram  o Brasil!
Ao que se sabe, o nosso principal teatro começou a sofrer prejuízos à época em que esteve fechado para reformas,pela década de l980.Ao ser re-inaugurado,houve por bem a sua administração convidar elementos do Colón de Buenos Aires, para promover temporadas.  As queixas foram inúmeras,na medida em que os nossos artistas passavam a ser "analisados" por uma equipe alienígena, às vezes prepotente e intolerante.Excetua-se o maestro Cellaro, reconhecedor do mérito de consagrados solistas pátrios.Estes mesmos solistas-dentre os quais o próprio Fortes- que acabaram pelo país afora, de norte a sul e do leste ao oeste, apresentando-se, como eles próprios diziam  "de maneira mambembe".Tiveram o beneplácito do então ministro Ney Braga,homem de evidente sensibilidade e senso de justiça.
Para  sumarizar,o Municipal foi perdendo a dignidade conquistada ao longo de décadas, ao ponto de o seu museu, retornando à condição de um restaurante (Assírios) , haver "perdido" precioso acervo,incluindo as placas comemorativas que foram "arrancadas" das paredes do foyer e do hall. Só Deus sabe aonde foram parar!!!Alguns dizem que se encontram "preservadas" num galpão no bairro de Jacarepaguá e, até mesmo no Cemitério do Caju, alguns bustos de sopranos, confundidas com a Virgem Maria,embelezando os túmulos,foram encontrados...
Superada a fase portenha, ainda que elogiosa sob o ponto de vista  artístico, a reação da classe interessada obteve alguns trunfos, registrando-se momentos de elevada conceituação em torno da reputação do Municipal.
Pouco a pouco, a partir do governo Collor, o descaso pela música erudita acentuou-se,inclusive pela extinção de órgãos e entidades de relevante expressão.A pior fase, sem dúvida,aí está, na mais evidente consequência de uma política desinteressada em apoiar projetos culturais, entendidos como elitistas.O que não passa de demagogia, estribada num desatinado populismo,responsável pela  indigência que se verifica dentre os mais desfavorecidos.
O DESCALABRO
A imprensa divulga sob título garrafal, o estado de miséria do Municipal carioca:"...salários de bailarinos e músicos atrasam e obrigam profissionais a viver de bicos..."E o exímio primeiro bailarino Felipe Moreira,de memoráveis performances, divide o palco com um táxi que dirige, para manter suas contas em dia".A desolação invadiu as dependências do teatro, deixando-o à mercê da sua própria sorte, sem recursos, sequer, para despesas de custeio, é o que parece.É o caos que causa indignação social, quando se ouve dizer de tanta ladroeira; de recentes  governadores do Rio que extorquiram o erário, sem o mínimo de respeito aos interesses públicos.Autênticos ladrões,  desonestos nas suas atitudes, à frente de poderosos cargos. Eleitos pelo povo, através da falsidade ideológica(mentiras) que souberam enredar com finalidades ilícitas.  E pensar que, por muito menos, Maria Antonieta e Luiz XVI acabaram na guilhotina,graças à Revolução Francesa...Que no Brasil, haja justiça e restauração do estado de direito democrático, atualmente confundido com programada desordem para a adoção de uma ditadura, talvez mais grave que a venezuelana.
O IDEAL CONTINUA
E continua valendo-se da predestinação de talentosos e idealistas artistas, ovacionados semana passada, quando as portas do Municipal se abriram (à duras penas) para a apresentação  da empolgante "Carmina Burana" de Carl Orff, de supremacia coralista,  consistente massa sinfônica e magistral regência.Heróica a apresentação da bailarina Viviane Barreto que, a despeito do oitavo mês de gravidez em que se encontra,esteve exuberante no cumprimento de uma coreografia de extrema dificuldade. Bravíssima!!!

segunda-feira, 19 de junho de 2017

A ENFERMIDADE SOCIAL DO BRASIL

Durante o curso de Ciências Econômicas, dentre eméritos professores,jamais me esqueço do dr.  José de Faria Tavares.De elevada postura intelectual e evidente seriedade, cobrava-nos, sem quaisquer condescendências,o dever de aprender.Fazia arguições orais, sorteando o expositor que deveria falar para a turma.Numa bela manhã de primeira aula às sete horas, sobrou prá mim.Um susto! Ele, muito honestamente, colocava tão somente algum tema em torno do qual já havia ensinado em aula.Ainda assim, não era nada fácil... Chamou-me para ocupar sua cadeira(como se eu fosse dar uma aula); assentou-se na minha carteira, enquanto meus colegas me "gozavam" com aquelas caras de desafiante deboche.Eu muito pálido, tão magro,sorria sem graça, dominado pelo pavor de falar besteiras e levar, seguramente, um xingamento  daqueles! Então o professor colocou o ponto: "Você discorrerá sobre a epistemologia do objeto da Sociologia. Minha situação ficou ainda pior, sem saber o que seria aquela palavra tão esquisita.Olhei bem para o austero Tavares e perguntei: " ...episte, o que, professor? Ele acabou rindo e, generosamente, explicou que se trata dos  estudos críticos, dos princípios e das hipóteses das ciências já constituídas.A situação ficou pior para mim,mas, logo o mestre deixando de lado certo sadismo, abriu o jogo e disse: "...o que você sabe a respeito dos pensadores da sociologia?"Lembrando-me do que se tratava, fui adiante, começando por Comte e Spenser.Em seguida, falei de outros como Gabriel Tarde, Emile Durkein, mas, não deixei a "peteca cair" totalmente.

Analisando  a gravíssima situação brasileira dos últimos anos, busco, justamente nas proposições de Comte e Spenser,bem alinhavadas por outro notável mestre Emílio Moura que, através da Cadeira intitulada "História do Pensamento Econômico",comparava o organismo social ao humano.Aliás,a correlação com o pensamento dos referidos filósofos, despontava clara e curiosa.Noutras palavras,para os chamados fisicistas, como se  depreende dos ensinamentos de  Comte e Spenser- assim como o nosso corpo- o "corpo social" também é vulnerável às enfermidades, algumas letais.
É isso aí. O "corpo social" do Brasil está assolado por uma doença quase incurável.E o pior, é concluir que tudo decorreu de inusitada corrupção ativa e passiva, envolvendo quase todo universo político,  nos níveis governamentais.É o "corpo social"consumido pela enfermidade que não é apenas física.É, sobretudo, moral.Porque antes da miséria, entra a desonra. 
No exercício de um dever patriótico, compareço às urnas.Ano que vem, teremos eleições diretas, o único remédio para a recuperação do moribundo"corpo social", é claro, depois que essa camarilha estiver encarcerada ou banida do país.


quinta-feira, 15 de junho de 2017

FRANCISCO MIGNONE POR FERNANDO ARAÚJO E CELSO FARIA

Os conceituados violonistas Fernando Araújo e Celso Faria confirmaram virtuosismo musical no Teatro Bradesco, do Minas Tênis Clube. Numeroso público e calorosos aplausos, marcaram o evento.

Nada mais interessante que  a master-class,proferida por Araújo(numa brilhante tese de doutorado),  abordando obras recém-descobertas do genial Francisco Mignone(l897-l968). Pianista,chefe de orquestra e compositor, de descendência italiana,o romântico autor herdou do pai o gosto pela música,iniciando estudos com Sílvio Motto.No Conservatório de S.Paulo,destacou-se como excelente aluno de Savino de Benedictus e Agostinho Cantú.

Autor de memoráveis páginas,sobressaem-se  o Poema Sinfônico "Caramuru" e a "Suíte Campestre", bem como as valsas brasileiras e manifestações sertanejas, de boníssimo gosto.

Em Milão, aperfeiçoou-se , tendo trabalhado ao lado de Vicenzo Ferroni. Enquanto, em l920, escrevia sua primeira ópera "O Contador de Diamante", apresentada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro,em l924, sob grande admiração de Richard Strauss, em turnê pelo Brasil.Atualmente esquecida das nossas temporadas, como ocorre em relação a outras partituras de portentosos mestres.

Refiro-me a Carlos Gomes, Alberto Nepomuceno,Camargo Guarnieri,Heckel Tavares,Arthur Napoleão,Henrique Oswald Arthur Bosmanns, Hostílio Soares,Fructuoso Vianna, Guerra Peixe,Waldemar Henriques e uma expressiva gama de legítimos representantes da nossa grandeza cultural,na qual se inclui até mesmo Villa-Lobos com suas óperas praticamente inéditas!Eis o Brasil de hoje,onde não se aprende mais, nas escolas, nem mesmo o  Hino Nacional, para sequer,cogitar da heráldica pátria verde-amarela, algumas vezes substituída pela cor vermelha.Alheia às convicções histórias e patrióticas deste país que se considera "abençoado por  Deus".Este mesmo Deus que haverá de promover  a justiça de que tanto carecemos.Que"tarda, mas, não falta"(...).

De volta a Mignone,além de gigantesca produção instrumental, escreveu representativas partituras para canto, sempre cogitadas por nossos maiores cantores.Dentre eles,a consagrada soprano Lia Salgado que, sob os acompanhamentos pianísticos do próprio autor, deixou belíssimas gravações. Aí repousa elogiável inspiração interpretativa de Araújo e Faria, numa exposição deveras  lúcida, de irretocável didática, relativa às recém descobertas obras de Mignone,em manuscritos de Buenos Aires.

Na execução  de complexas partituras,superaram dificuldades, alcançando digno patamar, de reconhecimento internacional.Comparáveis aos maiores do mundo,conferiram ao difícil instrumento a devida importância, nem sempre considerada por excepcionais oportunistas que se intitulam violonistas...

Dos mais  empolgantes momentos, foi, para mim, a execução por Araújo, de uma das 12 "Valsas de Esquina", das mais encantadoras que guardo na memória, desde a minha infância.Ocasião em que ouvia o meu pai maestro Francisco Buzelin executá-la ao piano.E, agora, ouço-a numa transcrição para o violão, muitíssimo emocionado!
Enalteço o mérito de Márcia Francisco, na produção e assessoria de imprensa  do espetáculo que contou, ainda, com a assistência da sua linda filha Gabriela Francisco, tão jovem quanto eficiente.

PALHANO JR. 
O que me traz enorme ternura, é lembrar que o Minas Tênis Clube teve  o seu primeiro e inesquecível Departamento Cultural,conduzido magistralmente por José Palhano Júnior, de exclusivo ideal e pioneirismo.Por alguns anos consecutivos, semanalmente, levava a efeito ali (com entrada franca),exposições de pintura, palestras,  recitais e concertos, congregando os mais aclamados artistas brasileiros e, até mesmo, alguns internacionais.

Talvez eu esteja equivocado.Mas, não consigo ver nenhuma referência- ao menos uma placa no espaço que ele tanto almejou- em sua homenagem.Cheguei até mesmo,à época da construção do aludido teatro, sugerir pela imprensa que deveria se chamar "Teatro Palhano Júnior", sem haver colhido nenhum êxito nesta proposta.

Mas, o que importa é que ele tenha realizado um trabalho de elevado teor,não só projetando novos e veteranos valores, mas, acima de tudo,  o próprio Minas Tênis Clube!

Quem busca referências na Internet em torno da memória de célebres intérpretes eruditos,poderão visualizar referências que fazem às suas atuações no Minas Tênis, por iniciativa de Palhano Jr. jamais esquecido pela nossa sociedade de elevada condição sócio-cultural.  

quarta-feira, 14 de junho de 2017

MORRE JORGE BASTOS MORENO

A página quase em branco representa o profundo pesar, de impossível alento, quando a notícia chega tão triste, sem retrocesso.Deixa saudade. Revigora a admiração.Mas não consegue consolar...Eis o doloroso registro que me penaliza fazer, lamentando o falecimento de JORGE BASTOS MORENO, o repórter dos repórteres.Mestre maior de todos nós que aspiramos o jornalismo como função.Que repouse em paz, na graça de Deus!

MEMÓRIA - MARIA HELENA BUZELIN - RESGATES

http://www.mariahelenabuzelin.com.br

A ORIGEM
Aclamada cantora brasileira de prestígio internacional, o soprano Maria Helena Buzelin é natural de Belo Horizonte, Minas Gerais, onde nasceu em 25 de maio do ano de 1931.

Descende de família musicalmente ancorada por sua bisavó Maria Emília Horta Buzelin, pianista virtuosa de Ouro Preto, então capital mineira. Foi admirada pela Corte, por Dom Pedro II!

O avô José Emílio Horta Buzelin e o pai, maestro Francisco de Assis Horta Buzelin, intérpretes e compositores reconhecidos pelo talento de nata vocação. Autores de valsas, canções, hinos, enfim vasto repertório. Certamente transmitiram à família o gosto pelas artes, notadamente a música.

Em 1950 casou-se com Dalnio Teixeira Starling. Grande admirador de sua arte, foi sobre tudo companheiro da cantora até o final da sua vida, tendo sido também o incentivador e cuidadoso observador deste projeto de memória.

A FORMAÇÃO
Desde a infância, Maria Helena Buzelin mostrou-se fascinada pelo canto, tendo sido premiada pela Rádio Guarani, em sua terra natal. O fato ocorreu num programa infantil comandado pelo conceituado comunicador Rômulo Paes. Oportunidade em que interpretou trechos de operetas e uma valsa de seu avô.

Mais tarde, iniciou seus estudos no Conservatório Mineiro de Música (atual Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG), graduando-se professora em Música e Canto.

Teve como sua mestra Eugênia Bracher Lobo, que desde logo, se apercebeu do talento daquela promissora jovem.

No Rio de Janeiro – para onde se transferira – fez o curso de Pedagogia na Escola Nacional de Música, simultânea e sucessivamente aperfeiçoando conhecimentos sobre a arte do canto com o maestro austríaco Maximilliano Hellmann. De austera exigência e irrepreensível disciplina, o mestre orientou sua aluna em direção ao sucesso.

Assim não só concluiu o Curso de Professora de Música como se preparou para alçar decisivos vôos.

A CARREIRA
Estudante em Belo Horizonte , já participava de audições, recitais e concertos, inclusive no Rio de Janeiro.

Sua dedicação à musica de refinado teor de erudição, proporcionou-lhe organizar e divulgar repertórios cameristas dos grandes mestres, nossos e de outros países. Do barroco ao contemporâneo; de Bach a Villa-Lobos, ou Debussy e Guarnieri, passando por infinita gama de outros como Mozart, Gluck, Purcel, Santoliquido, Schubert, Beethoven, enfim o que de mais notável existe no gênero.

Em 1956 foi laureada no Grande Concurso Nacional de Canto, promovido pela Rádio Ministério da Educação e Cultura - Rádio MEC – do Rio de Janeiro, alcançando a segunda colocação da categoria.

Foi então que, como prêmio, participou de concerto, acompanhada pela Orquestra da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, sob regência do maestro Léo Perachi. Foi também premiada com uma série de recitais da Rádio MEC, no Rio.

Os acompanhamentos pianísticos elogiosamente referidos pela crítica ficaram a cargo do maestro Francisco de Assis Horta Buzelin, seu genitor e pioneiro mestre que a acompanhou, inclusive em apresentações públicas memoráveis.

Da rica bagagem envolvendo além dos já citados, outros autores tais como Fauré, O.Respighi, Obradors, Mignone, Alberto Nepomuceno, a cantora soma o que se pode chamar de universo de partituras adequadas à tessitura de puro soprano lírico.

Histórica e efetivamente ligada a Minas Gerais, já havia integrado elencos da Sociedade Coral de Belo Horizonte desde sua inauguração, em primeiro de agosto de 1950.

Por intermédio de Murilo Badaró, consagrado barítono mineiro, o conhecido Ricardo Vilas, presidente da aludida entidade, foi convidada a viver o papel de “Mimi”, da ópera “ La Bohème ”, de Puccini, sob a regência do insigne maestro Sebastião Vianna, na temporada lírica de 1959, da Capital das Alterosas.

Uma estréia que a revelou grande aquisição para a cena lírica. Talentosíssima cantora de pianíssimos límpidos, voz cristalina, afinação esmerada, graves, médios e agudos plenos e audíveis. Além da belíssima presença nesta heroína pucciniana. Foram os conceitos assinalados pela crítica especializada local, tida ilustre em todo o Brasil.

A partir do imortal Carlos Drummond de Andrade, seguido por críticas da verve de Luiz Portugal (Wilson Simão), Luiz Aguiar, F. Machenner, Haydèe Cintra, José Palhano Jr., João Ettiènne Filho, Antero de Alencar, Itamar de Faria, Alberto Deodado, R. Franck, Marchesa de Lucca. O nome da Buzelin já se alcunhava “prima-dona” de raros méritos.

Ademais, a atriz impôs aos seus subseqüentes papéis características teatrais de dramática performance. Assim se sucederam “Violeta Valery” da “ La Traviata ” de Verdi, “Cio-Cio-San” de “Madame Butterfly”, de Puccini, ou “Nedda”, dos Palhaços, de Leoncavallo.

Concomitantemente às montagens operísticas, interpretava complexas partituras como “Eurídice”, de “Órfeu e Eurídice” de Gluck e “Pamina”, da “Flauta Mágica”, de Mozart, apresentados sob a forma de oratório. Esta, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro mereceu os aplausos do público e da crítica, tendo Renzo Massarani, do Jornal do Brasil, revelado admiração à cantora. Cantora que, por delongados anos, se tornaria célebre. Não só Massarani, como D´OR, do Diário de Notícias; Carlos Dantas, da Tribuna da Imprensa; Eurico N. França, do Correio da Manhã; Marques Porto; Antônio Hernandes; Ronaldo Miranda; Magdala Gama Oliveira, Teresa del Moro, como Andrade Murici e Ayres de Andrade a elegeram primorosa “Cio-Cio-San”. Título ratificado em cena aberta pela incomparável Violeta Coelho Netto de Freitas, que sob forte emoção levou seu cetro e o entregou nas mãos da Buzelin. Ocorreu numa récita, na década de 1970, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

A partir daí, Maria Helena Buzelin foi aclamada a melhor intérprete da meiga japonesa, nas vestes que reprisou por muitas vezes, com absoluto êxito!

Tanto no Rio de Janeiro quanto em São Paulo , Belo Horizonte, Porto Alegre e nos grandes centros brasileiros, americanos e europeus, Maria Helena se notabilizou através de interpretações que faziam a fama dos melhores cantores do mundo.

Em Genebra, pelo empresário Jean Cordey, teve o seu nome incluído numa relação de primeiro mundo ao lado de Plácido Domingo, Maria Chiara, dentre outros.

No Brasil, na condição de 1ª soprano do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, destaca-se sua inclusão em eventos de magna importância. Não só em óperas, mas em concertos, oratórios, missas e congêneres. “Stabat Matter”, de Pergolesi, ao lado de Maria Lúcia Godoy, de irrefutável brilho. Sob a regência do maestro Isaac Karabtchevsk, Orquestra da Rádio MEC e coro “Cleofe Person”, relevante destaque.

Marcantes também, suas atuações na “Missa de Requien” do Padre José Maurício Nunes Garcia, com a Orquestra Sinfônica de São Paulo; a reinauguração da Sala Cecília Meirelles, com a Nona Sinfonia de Beethoven e a Orquestra Sinfônica Brasileira. Ambos os eventos sob a batuta do grande maestro Eleazar de Carvalho. Com o próprio Eleazar empreendeu outras atividades, inclusive em São Paulo.

Maria Helena Buzelin estreou nas Temporadas Líricas do Teatro Municipal do Rio de Janeiro em 1964, ao lado do extraordinário tenor Assis Pacheco, nas vestes de “ Mimi” , da “ La Bohème ”, de Puccini. Reeditou, pois, num patamar bem superior a heroína que vivera em Belo Horizonte em 1959.

No referido teatro percorreu outros papéis femininos centrais, com êxito, além de “Mimi”:

- “Nedda”
(Palhaços), de Leoncavallo;

- “Cio-Cio-San”
(Madame Butterfly), de Puccini;

- “Violeta Valery”
( La Traviata ), de Verdi;

- “Alice Ford”
(Falstaff), de Verdi;

- “Leonora”
(Fidélio), de Beethoven;

- “Micaela”
(Carmen), de Bizet;

- “Zerlina”
(Don Giovanni), de Mozart;

- “Pamina”
(A Flauta Mágica), de Mozart;

-“Margherite" (Fausto), de Gounoud. Por ocasião do Seqüicentenário da Independência do Brasil, com elenco do L´Opera de Paris.

Seu nome passou a ser cogitado para compor elencos em outras cidades e capitais brasileiras, ou participar de eventos musicais de fôlego. “Desdemona”, de Otello, de Verdi, em forma de oratório ao lado de Assis Pacheco e Wilson Simão, em Belo Horizonte , mediante empreendimento do produtor cultural José Palhano Jr., cuja empresa dela cogitou para inúmeras outras atuações.

Da mesma forma, no Rio de Janeiro e outras metrópoles, apresentou-se como solista ou recitalista, lembrando que antes mesmo da sua estréia no Municipal como “Mimi” já havia marcado expressiva presença naquele teatro. Assim obteve elogios da crítica com a “Missa de Requién”, de Mozart, regida pelo consagrado maestro mineiro Carlos Eduardo Prates.

O Brasil por ela percorrido a aplaudiu em Manaus, Belém, Recife, Natal, São Luis, Brasília, Niterói, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, além de sua terra natal e outras cidades dos nossos estados. Reiteradamente acompanhada por pianistas de elevada categoria: Hermelindo Castello Branco, Izolda Garcia de Paiva, maestro Sérgio Magnani, maestrina Cláudia Morena e seu pai o maestro Francisco de Assis Horta Buzelin (*), por ela considerado o primeiro dos primeiros incentivadores e mestres de sua formação.

(*) Francisco de Assis Horta Buzelin (04/10/04 – 30/08/80) homem de virtudes e formação singulares. Graduado em Regência pelo Conservatório Mineiro de Música - BH. Casou-se com a senhora Helena Brito Buzelin, natural de Ouro Preto, MG, nascida em 26/08/08) . Professora, bibliotecária e escritora (“Otirb”) . O maestro exerceu cargos relevantes na administração pública de Minas Gerais e federal. Autor do “Hino a Belo Horizonte”, em parceria com o poeta Honório Silveira Netto.

Uma das mais marcantes atuações de Maria Helena Buzelin, ocorreu no Teatro Municipal do Rio de Janeiro em homenagem a Léo Perachi. Sob a lúcida e aclamada regência do mestro Henrique Morelenbaum, cantou o Moteto “Exultate Jubilate”, de Mozart, em 1962.

Rapidamente, integrou o estrelato da nossa principal “Opera House”, o Municipal Carioca, colocando-se no nível de aclamados cantores como Diva Pieranti, Paulo Fortes, Ida Micolis, Zacharia Marques, Assis Pacheco, Aracy Belas Campos, Carmen Pimentel, Lourival Braga, Alfredo Colósimo, Constante Morret, Maria Henriques e Nelson Portela. Alguns de exaustiva e respeitável relação.

Proclamados regentes conduziram-na sob a admiração e respeito por seu desempenho. Notadamente Santiago Guerra, Mario de Bruno, Sergio Magnani, Eleazar de Carvalho, Alceo Bocchino, Henrique Morelenbaum, e Jacques Pernod, do L´Opera de Paris.

Em l975, com o fechamento do Teatro Municipal do Rio de Janeiro para sua reforma - situação em que o mesmo iria permanecer fechado por considerável período - interromperam-se as atividades operísticas ali realizadas sob forma de temporadas líricas oficiais, a cada ano. Tal fato teve enorme repercussão no meio dos artistas que se dedicavam à ópera, causando desânimo geral, pela falta de mercado de trabalho que ocasionou no setor. Em vista disso, Maria Helena Buzelin, Diva Pieranti, Paulo Fortes, Ruth Staerk, Zacharia Marques , idealizaram apresentar óperas de forma resumida que denominaram “mini óperas”, acompanhadas ao piano.Tais “minióperas” eram narradas pelo festejado Nonelli Barbastefano. Projeto que mereceu do então ministro da Educação Ney Braga, total apoio. Assim, o grupo percorreu todo o país, com grande êxito. Da mesma forma, foi mantida a chama da atividade operística.Enfim, meritório esforço do grupo de artistas, todos com muita disposição nesta militância de dedicação à música.

Por iniciativa da Sociedade dos Artistas Líricos (SALB), então sob a presidência do cantor João Carlos Ditert e com a participação de Maria Helena Buzelin e outros cantores de primeira linha, foi iniciada também uma série de espetáculos, de freqüência semanal, no Teatro “Glauce Rocha” (Rio), a que se deu o nome de “Segundas Líricas”. Espetáculos que apresentaram árias, duetos e outros trechos das grandes óperas, atraindo considerável público. Nada menos que mais uma tentativa para que a ópera não sofresse solução de continuidade no Rio de Janeiro.

Enquanto o Municipal esteve fechado, levou-se à cena no Teatro “João Caetano” (Rio), a ópera “O Homem Só”, de Camargo Guarnieri. Maria Helena Buzelin, ao lado de Fernando Teixeira, notável barítono brasileiro, amealhou um dos seus mais expressivos triunfos, pela versatilidade de três personagens.

Nesse período, inúmeros foram os espetáculos cameristas realizados na Sala “Cecília Meireles” (Rio), nos quais Maria Helena Buzelin atuou. Dentre eles,

- “Stabat Mater“, de Pergolesi, com a Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio MEC, sob a regência ilustríssima de Alceo Bocchino;

- “Matinas do Apóstolo S.Pedro”, do Pe. José Maurício Nunes Garcia, sob a regência admirável do maestro Júlio Medaglia;

- “Pequena Missa Solene”, de Rossini, com a Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio MEC, regida por Alceo Bocchino.

A partir da sua reabertura, o Teatro Municipal Carioca passou a realizar espetáculos de modo descontínuo, descaracterizando temporadas. Foi então que Maria Helena Buzelin participou como “Zerlina”, de “D.Giovanni” e “Pamina”, da “Flauta Mágica”, ambas de Mozart, e “Micaela”, da “Carmen”, de Bizet.


Sucederam-se vários recitais, destacando-se os realizados na Sala “Cecília Meireles”(Rio), acompanhados pelo emérito pianista Hermelindo Castello Branco; na Escola de Música da Universidade do Rio de Janeiro, com a insigne professora e pianista Cláudia Morena. Esta que, ainda, acompanhou a cantora em dois concertos no Museu de Arte de São Paulo.

Além do Rio e de São Paulo, Maria Helena Buzelin era convidada a atuar em outras capitais brasileiras, sobretudo em Belo Horizonte pelo Palácio das Artes ou nos auditórios do Minas Tênis Clube e do Pampulha Iate Clube, sob a coordenação do exímio produtor Palhano Jr.

Sem quaisquer solenidades, pode-se dizer que sua despedida dos palcos líricos ocorreu em Belo Horizonte , em 1984, revivendo “Micaela”, na ópera Carmen, de Bizet, sob aclamação da crítica e do público.

Foram 25 anos de frutífera carreira, ao longo dos quais Maria Helena Buzelin amealhou respeitabilidade e admiração social. Acabou célebre e apontada como a mais cogitada e melhor “Butterfly” deste Brasil, seguindo os passos de Violeta Coelho Netto de Freitas!

Integram seu repertório de obras cameristas : “Dido e Enéias”, de Purcel, levado em Brasília com êxito, sob convite de Norma Sylvestre, no Teatro Nacional; “Bastien und Bastienne”, de Mozart, outro título que soube defender, desde o início da sua carreira em Minas Gerais.

Da sua obra fonográfica fazem parte “Jóias do Canto Brasileiro” e da “Brasiliana”, editada pela FUNARTE-Rádio MEC-Rio: “Antologia Romântica da Música Brasileira e “A Ópera na Corte Imperial”.

Gravou inúmeros programas para a TV Globo (Rio),tais como “Concertos para a Juventude”, dirigidos por Marlos Nobre; “Madame Butterfly”,como miniópera. Gravou , ainda, pela Funarte, a ópera “O Homem Só”, exibida nas praças cariocas.Participou, também, de programas conduzidos por Flávio Cavalcanti, Bibi Ferreira e Jota Silvestre (Rio).

Em Belo Horizonte , deixa acervo televisivo e fonográfico editados pela extinta TV Itacolomi, dos Diários Associados e pela Rádio Inconfidência (óperas completas levadas pela Sociedade Coral de Belo Horizonte, no Teatro Francisco Nunes).

Várias vezes foi premiada com o “Orpheu” (melhor soprano das temporadas líricas em Belo Horizonte ); Personalidade do Ano, (JB-Rio) por sua atuação em “Falstaff”, no Municipal; Colar do Mérito Artístico de Minas Gerais, no Grau Oficial, conferido pelo Collegium Artium da Fundação “Clóvis Salgado” em Belo Horizonte , bem como a Medalha de Honra desta cidade.

Foi solista das seguintes Orquestras:

-Teatro Municipal do Rio de Janeiro;
-Sinfônica de São Paulo;
-Sinfônica de Minas Gerais;
-Sinfônica Brasileira;
-Sinfônica do Teatro Nacional de Brasília;
e
Sinfônica Nacional da Rádio MEC (Rio).

Atuou sob a regência dos seguintes Maestros:

Eleazar de Carvalho,
Sérgio Magnani,
Santiago Guerra,
Henrique Morelenbaum,
Mário de Bruno,
Emílio César de Carvalho,
Jacques Pernod,
Carlos Eduardo Prates,
Isasc karabchevsky,
Júlio Medaglia
e
Sebastião Vianna.
Entre os principais pianistas que a acompanharam citam-se:

Francisco Buzelin,
Hermelindo Castello Branco,
Cláudia Morena,
Izolda Garcia de Paiva,
Willian Naboré,
e
Renata Cox
.

Além de uma voz belíssima, de uma técnica de canto comparável às maiores cantoras do mundo, distinguiu-se pela perfeição de suas interpretações, sempre baseadas em meticuloso estudo e intensas práticas das obras e papéis que interpretou.

Em reconhecimento ao seu mérito, foi eleita e tomou posse em 26 de março de l993, como membro efetivo da Academia de Letras e Música do Brasil, sediada em Brasília-DF, para ocupar a Cadeira número 57 que tem como patrono Heckel Tavares e titular anterior a consagrada pianista Magdalena Tagliaferro.

Destacada nos meios musicais brasileiros, seu nome constitui referência elogiosa na configuração do canto lírico e camerista, bem como em relação à sua personalidade e ao seu caráter pessoal e profissional. Nessa trajetória de uma carreira palmilhada de lutas e êxitos, estendeu a mão a tantos quantos a procuraram na busca de orientação e até mesmo de preparação para o palco.

No exterior, tão logo chegou nos Estados Unidos, no início da década de 1960, foi recebida por Bidu Sayão, pelas mãos de Dora Vasconcellos e Nair Mesquita, adida cultural e assessora do Consulado Brasileiro em Nova Iorque , respectivamente.

Nesta oportunidade foi ouvida em audição restrita por Giuseppe Danise, diretor do Metropolitan Opera of New York, a própria Bidu Sayão e expressivas personalidades do mundo musical local.

Teria, no dia seguinte, feito audição no MET – NY, não fosse a lamentável e surpreendente morte de Danise, ocorrida naquela madrugada.

Contudo, tal fato não a impediu de percorrer na direção de outras apresentações que aconteceram em Kansas City e Texas, principalmente.

Em Dallas, com seu antigo professor maestro Hellmann, fez programas de TV, chamando a atenção de Lily Pons, das maiores divas do planeta, de todos os tempos.

Em Leavenworth, Kansas, foi agraciada com a “chave de ouro”, da cidade, por haver cumprido programação filantrópica. Enquanto em solenidade oficial entoou o Hino Nacional Americano, sob aclamação, em glorioso momento da sua carreira.

Sólon Alberti, respeitado e conhecido educador, convidou-a a ilustrar palestras suas em Workshop sobre Ópera na Universidade de Kansas.

Na Europa, em Genebra, Suíça, fez programa pela rádio Suisse-Romande, tendo as gravações do mesmo sido irradiadas no Velho Mundo.

Assim Maria Helena Buzelin pode ser conhecida em Portugal, na França, na Itália, na Alemanha e em muitos outros países.

Em seu programa na Rádio Suisse Romande,em Genebra, foi acompanhada pelo pianista William Naboré, com o qual interpretou, entre outras peças, as “Bachianas número 5” (Ária e Cantilena) e “Inhapope”, de Villas-Lobo.

No mesmo programa foi acompanhada por Marlos Nobre, em três das suas próprias músicas.

Ao regressar dos Estados Unidos, protagonizou a ópera “ La Traviata ”, de Verdi, convidada pelo maestro Sergio Magnani e o empresário Wilson Simão, de Belo Horizonte.Foi um de seus maiores desempenhos, que lhe valeu múltiplos contatos em todo o Brasil.

Nos anos finais da sua vida, toda ela dedicada à arte musical, recebeu da ilustre cantora Maria Lúcia Godoy carinhoso incentivo de profunda e indisfarçável admiração, aliás, recíproca. Godoy procurou despertar no espírito e na consciência de Maria Helena Buzelin a necessidade, conveniência e oportunidade de se resgatar sua memória. Foi então que a própria Buzelin, no seu prazeroso recolhimento doméstico, iniciou o processo de seleção musical e textual da sua imensa e qualificada carreira.

Aqui, o registro dos agradecimentos à Godoy os quais Maria Helena Buzelin sempre fez questão de enfatizar.

Faleceu em Belo Horizonte no dia 02 de novembro de 2005, amparada pelo esposo, amigos e parentes.

Foi sepultada no Cemitério do Bonfim dessa cidade. Sua generosa alma, inclusive pela bondade e religiosidade, certamente estará diante de Deus, nos Céus, onde participa do coro angelical.

Devota que sempre foi de Nossa Senhora de Lourdes, não raramente emprestava sua voz aos templos durante as solenidades e os ritos eclesiásticos, acompanhada pela organista mineira Auxiliadora Franzen de Lima. No Rio, com a maestrina Cláudia Morena, habitualmente cantava em louvor a Deus.

" MARIA HELENA BUZELIN NÃO MORREU.

FICOU ENCANTADA,

COMO DIRIA

GUIMARÃES ROSA,

POETA MAIOR

DE MINAS GERAIS. "

HOMENAGEM E MEMÓRIA - SOBRE MARIA HELENA BUZELIN - RESGATES

QUINTA-FEIRA, 7 DE JANEIRO DE 2010

Mensagem do Maestro Henrique Morelenbaum


Caro Carlos,

Foi com muita satisfação que recebi esse belíssimo documento.

Parabéns pelo bom gosto e criteriosa apresentação e seleção resultando num excelente retrato da grande artista, motivo de orgulho para todos que tiveram a oportunidade de conhecê-la e trabalhar com ela.

Receba meu abraço reconhecido pela oportunidade que me deu.

Henrique Morelenbaum


TERÇA-FEIRA, 5 DE JANEIRO DE 2010

Carta do Maestro Alceo Bocchino

Carta do Maestro Alceo Boccino a Carlos Buzelin
"Rio de Janeiro, 18 de novembro de 2009 e Natal de 2009!

Prezado José Carlos Buzelin,

que me permito chamar, de hoje em diante: amigo, o irmão de Maria Helena, uma das mais bonitas vozes que ouvi e tive o prazer de gravar com a Orquestra Sinfônica Nacional do MEC. Nos meus 91 anos, lembro, aonda, o calor e a sensibilidade que ela artisticamente transmitia aos ouvintes nos seus recitais.

Certa vez, Claudio Santoro e eu ouvíamos juntos uma sua apresentação e, comovidos sinceramente, manifestamos, um ao outro, nossa admiração estética. Que voz estávamos a ouvir!!

O momento particular do meu convívio com Maria Helena foi durante a gravação dos discos que realizávamos e que eu, infelizmente, não os possuo, embora regente de todas as obras!

É incrível! Os maus, naquela época, estavam por toda parte, inclusive na Rádio Mec, maculando o nome de Roquette Pinto e todos os artísticas que nela atuaram.

Sua tarefa é bela em nome e memória de Maria Helena, sua irmã.

Abraços cordiais, desculpando-me pelo atraso da resposta à sua carta. Tive muitos problemas pessoais.

Alceu Bocchino (Alceo, artisticamente)."


CRÍTICAS

“Maria Helena Buzelin foi lírica, doce e deliciosa Pamina” –Jornal do Brasil-Rio(Renzo Massarani); “Ela usou inteligentemente sua voz clara de timbre belíssimo, sempre com grande sensibilidade. (Diário de Notícias-Rio (D’OR);
“Possui amplamente reconhecidas qualidades vocais, de grande beleza,uma personalidade encantadora, uma elegância natural e uma discreta e espontânea capacidade cênica em Madame Butterfly – O Diário-Bhte (Luiz Aguiar);

“Sua Violeta foi superior a todas as expectativas. Seu fraseado colorido e vibrante no famoso Amami Alfredo, agilíssimo na árdua romanza do primeiro ato e de extrema delicadeza no Adio del Passato, cantado como uma Gemma Belincioni ou uma Rosina Storchio (Jornale Degli Italiani-SP (Valerianni), por sua Traviata...;

“Impõe-se assinalar especialmente a performance do soprano Buzelin, cujos dotes mais se expandiam, com bonito timbre, quanto maiores eram suas dificuldades da tessitura –Correio da Manhã –Rio (Eurico Nogueira França), quando da apresentação da Nona Sinfonia de Beethoven;

“Com Madame Buttefly voltou a reafirmar a sua predileção pela música de Puccini, da qual se fez, sem dúvida, uma legítima intérprete dando como contribuição a sua arte tão espontânea, a qualidade e a beleza de sua voz modulada, de requintada escola- O Dia (Marques Porto);

“Estivemos na presença de uma voz excepcional, assim como de uma natureza artística muito maleável “- Tribune de Genève –Genebra-Suíça (Paul Druey);

A voz, de metal cristalino, é clara e segura nos agudos, aconchegante nos graves, de afinação justa e dicção perfeita” Journal de Genève, Genebra-Suíça (Robert Cornmann).
***
DEPOIMENTOS DE PERSONALIDADES DA MÚSICA

“Uma solista no no coro dos Anjos
Os palcos se iluminavam,e eis que entrava em cena uma pessoinha com grande arte e grande voz.A platéia se encantava e aplaudia delirantemente.Tudo era belo em suas apresentações de rara beleza,pois comovia os coraçãoes de todos que a ouviam.
Mas um dia,as luzes das ribaltadas se apagaram,e a tristeza invadi-nos a todos.Seu corpo findou.Nós choravamos em nosso egoismo e em nossa saudades.Porém,haviam espiritos maravilhosos que sorriam,pois chagava uma Solista para cantar no Côro dos Anjos,seu corpo terreno chegara ao fim,mas seu corpo celestial iluminava-se com a luz mais brilhante do Céu.Perguntaram os anjos a Maria:Como se chama esta luz nova?Maria Respondeu:Na terra dos homens chamava-se Maria Helena Buzeliz,mas agora seu nome é Anjo!Ela será solista da próxima cantata,e nós nos regogiaremos para sempre.
E assim È.Maria Helena agora é um lindo Anjo de Deus.”
Diva Pieranti
Consagrada soprano brasileiro
Rio de Janeiro, RJ


“Maria Helena Buzelin foi uma das grandes cantoras e intérpretes brasileiras, tendo cantado muitas vezes em óperas, concertos sinfônicos e de câmara, em Belo Horizonte e em outras capitais, Muita musicalidade e dona de uma belíssima voz, sempre foi muito exaltada e respeitada pelo trabalho que realizou. Eu tive o prazer de conhecê-la e de tê-la como minha solista, já numa idade mais avançada e ainda assim sua musicalidade e beleza da voz não modificaram, pelo contrário, encantou e emocionou a todos. Conversamos muito, também, sobre o movimento vocal, coral e sinfônico de Minas Gerais, e sempre pude ver o interesse que tinha em poder acrescentar e colaborar com o trabalho vocal para aquele estado que ela tanto amou. Ela participou de todo o início da ópera naquele estado, realizando um trabalho exaustivo juntos com seus colegas para erguer a ópera em Minas Gerais. Em Brasília nos encontramos por mais de uma vez, quando então ela me falou do prazer de ter cantado com o Maestro Eleazar de Carvalho e com outros tantos colegas. Sua paixão pela música vocal era sem dúvida emocionante. Foi para o Brasil uma grande perda não termos mais Maria Helena Buzelin entre nós, mas certamente ficará em nossas memórias o som mavioso, belo e musical de sua voz.”
Emílio de César:
Maestro,
Brasília, DF



“Mais que um simples soprano e cantora de ópera, MARIA HELENA BUZELIN foi uma artista da música e do palco. Vi-a cantar muitas vezes , principalmente no TMRJ , e tanto sua interpretação de LA TRAVIATA ,de Verdi , quanto dos PALHAÇOS, de Leoncavallo, naquele teatro, levaram o público às lágrimas e ao delírio e a crítica e os experts a uma admiração incontida . Como se não bastassem seu talento e o variado colorido de sua voz no melodrama , em que foi inigualável , era ela refinada cultora do gênero camerístico . As gravações que deixou são prova de que MARIA HELENA BUZELIN ocupa a posição de uma das maiores cantoras brasileiras de todos os tempos.”
Marcus Góes
Musicólogo, Crítico Musical e Escritor
Rio de Janeiro, RJ


“MARIA HELENA BUZELIN foi um exemplo de correção e dignidade artística para todas nós cantoras líricas brasileiras. Sua impecável técnica aliava-se a uma inexcedível capacidade histriônica e a uma presença muito bonita no palco, tudo ao lado de sua linda voz . A lembrança que tenho dela é a de uma artista perfeita e colega interessada e atuante . Um exemplo!”
Leila Guimarães
Consagrado soprano brasileiro
Rio de Janeiro, RJ


“Não tive o privilégio de trabalhar com o soprano Maria Helena Buzelin. Acho sua iniciativa de alto valor cultural para a memória artística brasileira. Maria Helena Buzelin foi, sem dúvida alguma, um nome dos mais importantes em nossa vida musical.”
Roberto Duarte
Maestro
Rio de Janeiro, RJ



“(...) sinto-me muito honrado e feliz por estar sendo incluído entre aqueles que vão estar de alguma forma presentes nesta mais do que justa homenagem a uma das mais importantes artistas da arte do canto lírico e de câmara do Brasil e com quem tive o privilégio de trabalhar inúmeras vezes.
Falar sobre Maria Helena Buzelin é lembrar de sua personalidade meiga e generosa, aliadas ao alto senso de responsabilidade profissional em seu relacionamento com o meio artístico e muito especialmente com as obras que se propunha interpretar. Conseguindo e emprestando sempre altíssimo nível nos resultados. O respeito e delicadeza no trato com os companheiros de trabalho, o estudo sério, detalhado e dedicado às obras que apresentou durante sua vida artística são a marca desta grande e inesquecível artista.”
Henrique Morelenbaum:
Maestro
Rio de Janeiro, RJ



“Maria Helena Buzelin foi uma das maiores cantoras do nosso país. Sua presença foi marcante nos palcos mais importantes da nossa terra,a começar pelo Theatro Municipal do Rio de Janeiro, onde brilhou intensamente em várias óperas, interpretando as mais variadas personagens com a sua bela voz e personalidade artística de pleno domínio e segurança cênica. Foi também uma estupenda cantora de câmara, fazendo um trabalho inestimável de divulgação, realizando recitais, concertos e deixando um registro considerável de gravações de obras brasileiras.”
Lauro Gomes
Produtor da Rádio MEC – TV Educativa – ACERP
Rio de Janeiro, RJ

“O nome da ilustre cantora Maria Helena Buzelin me é bastante familiar porque ela se apresentou no Theatro Municipal do Rio de Janeiro cujos espetáculos de ópera eu assisto desde criança (...)”
Ricardo Tacuchian:
Músico
São Paulo, SP


“(...)a respeito de Maria Helena Buzelin, de quem só conheci a reputação de grande artista. Lembro de havermos conversado sobre questões envolvendo edição de CDs com gravações por ela deixadas. Fico muito satisfeito de saber que a memória dela está sendo cultivada (...) . Esse é um trabalho que não pode parar.”
Flávio Silva
Músico
São Paulo, SP

“Ternura sonora, acariciante fraseado.Nobreza estilística. Poesia musical.É o canto de Maria Helena Buzelin”
José Palhano Júnior
Cantor Lírico – Produtor Cultural
Belo Horizonte, MG


“Acompanhei a Buzelin duas vezes, em circunstâncias e estilos musicais diferentes. Foram para mim uma verdadeira satisfação.A primeira vez, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, quando ela era o soprano do “Réquiem”, de Mozart.Depois, muito tempo depois, no Palácio das Artes, em Belo Horizonte , tendo ela encarnado o papel de” Micaela” da ópera “Carmen”, de Bizet. Uma bela mulher. Uma bela voz. Uma intérprete consciente e musicalíssima. Jamais tive que fazer o menor reparo a sua atuação.Coisa rara.Considero-a verdadeira grande personalidade”
Carlos Eduardo Prates
Maestro
Belo Horizonte, MG



“Timbre inconfundível. Pianíssimos límpidos e sonoros.Irretocável “Violeta” (Traviata, de Verdi), assim como em “Orfeu e Eurídice”, de Gluck. Maria Helena Buzelin possui realmente presença encantadora nos palcos líricos.Suas apresentações como “Cio-Cio –San” (Butterfly, de Puccini) sempre foram consideradas insuperáveis, definitivas. Sou testemunha da admiração que Violeta Coelho Netto de Freitas a a ela atribuiu publicamente... Uma infinidade de papéis que a consagraram, como “Pamina”, da “Flauta Mágica” e “Zerlina”, do “D. Giovanni”, de Mozart; “Micaela”, da “Carmen”, de Bizet; “Nedda”, de “I Pagliacci”, de Leoncavallo; “Leonora”, do “Fidélio”, de Beethoven, dentre outros, sejam cameristas ou operistas. Considerei do melhor nível sua atuação ao lado de artistas do “L’ Opera”, de Paris, nas vestes de “Margheritte”, do “Fausto”, de Gounod...”
Luiz Aguiar
Maestro e Crítico
Belo Horizonte, MG


“Guerreira que jamais perde batalhas. Retornou a Belo Horizonte, após longa ausência com o mesmo fôlego, a mesma capacidade artística e uma voz absolutamente plena. Possuidora de exclusiva dignidade artística! (trecho da última manifestação de Simão, um dos responsáveis pela carreira lírica de M.Helena Buzelin. Ela veio conquistando a glória. Começou lá de baixo, sem pretensões. Cresceu muito.Percorreu o Brasil e alguns países como os EEUU e outros da Europa. Importante prima-dona do Teatro Municipal do Rio de Janeiro e de outros teatros. Acabou ícone do canto lírico no Brasil...” Teresa Simão, viúva de Wilson Simão, conhecedora e admiradora do gênero lírico.”
Wilson Simão
Cantor lírico e Crítico
Belo Horizonte, MG
( in memoriam)


“Maria Helena Buzelin dispõe de tudo o que precisa uma cantora. Belíssima voz. Uma excelente escola de canto, além de figura bonita e boa atriz. Sua memória, dever que nos obriga a instigar a concretização. Estou feliz por isto. Algo que reclamo e tudo procuro fazer para que tal esforço seja uma realidade...”
Maria Lúcia Godoy
Consagrado soprano brasileiro
Belo Horizonte, MG


“... Maria Helena Buzelin faz história. Tem o seu nome registrado nos anais da música erudita no Brasil, além de ser prestigiada no exterior. Uma grande cantora, cujo desaparecimento deixa incomensujrável lacuna nos meios culturais e artísticos deste país.”
Myrian Dauelsberg
Presidente da Dell’Arte
Rio de Janeiro, RJ

“,,, com ela muito aprendi. Dela recebi inestimável apoio quando iniciei carreira Agora, ouvindo-a em CD, empolgo-me com sua voz, sua técnica, notadamente nesta peça de Sctrauss que deverei apresentar aqui nesta homenagem...” (Por ocasião do lançamento de CD de Maria Helena Buzelin, na Sala “Cecília Meireles”
-Rio) .
Elizeth Gomes
Consagrado soprano brasileiro
Belo Horizonte, MG

domingo, 11 de junho de 2017

DO GENIAL ARIANO SUASSUNA

Com aquela maneira nordestina da lendária Paraíba, numa fascinante palestra proferida no Teatro Nacional, em Brasília,(reeditada pela Rede Minas), ali estava diante de milhares de pessoas, o carismático Ariano Suassuna. Simples,cativante e, acima de tudo genial, continua o mesmo  a falar com absoluta propriedade de coisas muito sérias. Na oportunidade, abordava a cultura no Brasil. Ou melhor, como a nossa aculturação,ultimamente, tem sido pífia, inferior e empobrecida. Sem jamais ofender a quem quer que seja,não sonega a verdade. E o faz jocosamente, mediante aparente brincadeira.Realça privilegiada capacidade intelectiva,ao mesmo tempo em que constrói imagens decorrentes da perspicaz singeleza da nossa gente.
Suassuna estabelece o seguinte: " o cachorro come osso, porque é o que lhe oferecem. Mas, se lhe dessem  um naco de boa carne, seguramente, abandonaria o osso..." E assim, sugere a analogia, aliás muito pertinente, de que o que se oferece hoje neste país, em matéria de cultura, não é  o desejável.Chega a ser medíocre, ressalvadas  mínimas exceções.
Concordo plenamente,considerando  a cultura como o espelho pelo qual um povo se identifica. Waldique Soriano se vivo estivesse, contestaria com um dos seus sucessos:"... eu não sou cachorro não", mediante a mais absoluta razão.Nós,também,não!Eta Brasil infeliz dos dias de hoje, diria eu, em consonância com Suassuna e Soriano.


O RETORNO        Parafraseando o poeta, "depois de um longo e tenebroso inverno..." retorno a este    blogger, inspirado que sou p...