quarta-feira, 14 de junho de 2017

MEMÓRIA - MARIA HELENA BUZELIN - RESGATES

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A ORIGEM
Aclamada cantora brasileira de prestígio internacional, o soprano Maria Helena Buzelin é natural de Belo Horizonte, Minas Gerais, onde nasceu em 25 de maio do ano de 1931.

Descende de família musicalmente ancorada por sua bisavó Maria Emília Horta Buzelin, pianista virtuosa de Ouro Preto, então capital mineira. Foi admirada pela Corte, por Dom Pedro II!

O avô José Emílio Horta Buzelin e o pai, maestro Francisco de Assis Horta Buzelin, intérpretes e compositores reconhecidos pelo talento de nata vocação. Autores de valsas, canções, hinos, enfim vasto repertório. Certamente transmitiram à família o gosto pelas artes, notadamente a música.

Em 1950 casou-se com Dalnio Teixeira Starling. Grande admirador de sua arte, foi sobre tudo companheiro da cantora até o final da sua vida, tendo sido também o incentivador e cuidadoso observador deste projeto de memória.

A FORMAÇÃO
Desde a infância, Maria Helena Buzelin mostrou-se fascinada pelo canto, tendo sido premiada pela Rádio Guarani, em sua terra natal. O fato ocorreu num programa infantil comandado pelo conceituado comunicador Rômulo Paes. Oportunidade em que interpretou trechos de operetas e uma valsa de seu avô.

Mais tarde, iniciou seus estudos no Conservatório Mineiro de Música (atual Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG), graduando-se professora em Música e Canto.

Teve como sua mestra Eugênia Bracher Lobo, que desde logo, se apercebeu do talento daquela promissora jovem.

No Rio de Janeiro – para onde se transferira – fez o curso de Pedagogia na Escola Nacional de Música, simultânea e sucessivamente aperfeiçoando conhecimentos sobre a arte do canto com o maestro austríaco Maximilliano Hellmann. De austera exigência e irrepreensível disciplina, o mestre orientou sua aluna em direção ao sucesso.

Assim não só concluiu o Curso de Professora de Música como se preparou para alçar decisivos vôos.

A CARREIRA
Estudante em Belo Horizonte , já participava de audições, recitais e concertos, inclusive no Rio de Janeiro.

Sua dedicação à musica de refinado teor de erudição, proporcionou-lhe organizar e divulgar repertórios cameristas dos grandes mestres, nossos e de outros países. Do barroco ao contemporâneo; de Bach a Villa-Lobos, ou Debussy e Guarnieri, passando por infinita gama de outros como Mozart, Gluck, Purcel, Santoliquido, Schubert, Beethoven, enfim o que de mais notável existe no gênero.

Em 1956 foi laureada no Grande Concurso Nacional de Canto, promovido pela Rádio Ministério da Educação e Cultura - Rádio MEC – do Rio de Janeiro, alcançando a segunda colocação da categoria.

Foi então que, como prêmio, participou de concerto, acompanhada pela Orquestra da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, sob regência do maestro Léo Perachi. Foi também premiada com uma série de recitais da Rádio MEC, no Rio.

Os acompanhamentos pianísticos elogiosamente referidos pela crítica ficaram a cargo do maestro Francisco de Assis Horta Buzelin, seu genitor e pioneiro mestre que a acompanhou, inclusive em apresentações públicas memoráveis.

Da rica bagagem envolvendo além dos já citados, outros autores tais como Fauré, O.Respighi, Obradors, Mignone, Alberto Nepomuceno, a cantora soma o que se pode chamar de universo de partituras adequadas à tessitura de puro soprano lírico.

Histórica e efetivamente ligada a Minas Gerais, já havia integrado elencos da Sociedade Coral de Belo Horizonte desde sua inauguração, em primeiro de agosto de 1950.

Por intermédio de Murilo Badaró, consagrado barítono mineiro, o conhecido Ricardo Vilas, presidente da aludida entidade, foi convidada a viver o papel de “Mimi”, da ópera “ La Bohème ”, de Puccini, sob a regência do insigne maestro Sebastião Vianna, na temporada lírica de 1959, da Capital das Alterosas.

Uma estréia que a revelou grande aquisição para a cena lírica. Talentosíssima cantora de pianíssimos límpidos, voz cristalina, afinação esmerada, graves, médios e agudos plenos e audíveis. Além da belíssima presença nesta heroína pucciniana. Foram os conceitos assinalados pela crítica especializada local, tida ilustre em todo o Brasil.

A partir do imortal Carlos Drummond de Andrade, seguido por críticas da verve de Luiz Portugal (Wilson Simão), Luiz Aguiar, F. Machenner, Haydèe Cintra, José Palhano Jr., João Ettiènne Filho, Antero de Alencar, Itamar de Faria, Alberto Deodado, R. Franck, Marchesa de Lucca. O nome da Buzelin já se alcunhava “prima-dona” de raros méritos.

Ademais, a atriz impôs aos seus subseqüentes papéis características teatrais de dramática performance. Assim se sucederam “Violeta Valery” da “ La Traviata ” de Verdi, “Cio-Cio-San” de “Madame Butterfly”, de Puccini, ou “Nedda”, dos Palhaços, de Leoncavallo.

Concomitantemente às montagens operísticas, interpretava complexas partituras como “Eurídice”, de “Órfeu e Eurídice” de Gluck e “Pamina”, da “Flauta Mágica”, de Mozart, apresentados sob a forma de oratório. Esta, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro mereceu os aplausos do público e da crítica, tendo Renzo Massarani, do Jornal do Brasil, revelado admiração à cantora. Cantora que, por delongados anos, se tornaria célebre. Não só Massarani, como D´OR, do Diário de Notícias; Carlos Dantas, da Tribuna da Imprensa; Eurico N. França, do Correio da Manhã; Marques Porto; Antônio Hernandes; Ronaldo Miranda; Magdala Gama Oliveira, Teresa del Moro, como Andrade Murici e Ayres de Andrade a elegeram primorosa “Cio-Cio-San”. Título ratificado em cena aberta pela incomparável Violeta Coelho Netto de Freitas, que sob forte emoção levou seu cetro e o entregou nas mãos da Buzelin. Ocorreu numa récita, na década de 1970, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

A partir daí, Maria Helena Buzelin foi aclamada a melhor intérprete da meiga japonesa, nas vestes que reprisou por muitas vezes, com absoluto êxito!

Tanto no Rio de Janeiro quanto em São Paulo , Belo Horizonte, Porto Alegre e nos grandes centros brasileiros, americanos e europeus, Maria Helena se notabilizou através de interpretações que faziam a fama dos melhores cantores do mundo.

Em Genebra, pelo empresário Jean Cordey, teve o seu nome incluído numa relação de primeiro mundo ao lado de Plácido Domingo, Maria Chiara, dentre outros.

No Brasil, na condição de 1ª soprano do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, destaca-se sua inclusão em eventos de magna importância. Não só em óperas, mas em concertos, oratórios, missas e congêneres. “Stabat Matter”, de Pergolesi, ao lado de Maria Lúcia Godoy, de irrefutável brilho. Sob a regência do maestro Isaac Karabtchevsk, Orquestra da Rádio MEC e coro “Cleofe Person”, relevante destaque.

Marcantes também, suas atuações na “Missa de Requien” do Padre José Maurício Nunes Garcia, com a Orquestra Sinfônica de São Paulo; a reinauguração da Sala Cecília Meirelles, com a Nona Sinfonia de Beethoven e a Orquestra Sinfônica Brasileira. Ambos os eventos sob a batuta do grande maestro Eleazar de Carvalho. Com o próprio Eleazar empreendeu outras atividades, inclusive em São Paulo.

Maria Helena Buzelin estreou nas Temporadas Líricas do Teatro Municipal do Rio de Janeiro em 1964, ao lado do extraordinário tenor Assis Pacheco, nas vestes de “ Mimi” , da “ La Bohème ”, de Puccini. Reeditou, pois, num patamar bem superior a heroína que vivera em Belo Horizonte em 1959.

No referido teatro percorreu outros papéis femininos centrais, com êxito, além de “Mimi”:

- “Nedda”
(Palhaços), de Leoncavallo;

- “Cio-Cio-San”
(Madame Butterfly), de Puccini;

- “Violeta Valery”
( La Traviata ), de Verdi;

- “Alice Ford”
(Falstaff), de Verdi;

- “Leonora”
(Fidélio), de Beethoven;

- “Micaela”
(Carmen), de Bizet;

- “Zerlina”
(Don Giovanni), de Mozart;

- “Pamina”
(A Flauta Mágica), de Mozart;

-“Margherite" (Fausto), de Gounoud. Por ocasião do Seqüicentenário da Independência do Brasil, com elenco do L´Opera de Paris.

Seu nome passou a ser cogitado para compor elencos em outras cidades e capitais brasileiras, ou participar de eventos musicais de fôlego. “Desdemona”, de Otello, de Verdi, em forma de oratório ao lado de Assis Pacheco e Wilson Simão, em Belo Horizonte , mediante empreendimento do produtor cultural José Palhano Jr., cuja empresa dela cogitou para inúmeras outras atuações.

Da mesma forma, no Rio de Janeiro e outras metrópoles, apresentou-se como solista ou recitalista, lembrando que antes mesmo da sua estréia no Municipal como “Mimi” já havia marcado expressiva presença naquele teatro. Assim obteve elogios da crítica com a “Missa de Requién”, de Mozart, regida pelo consagrado maestro mineiro Carlos Eduardo Prates.

O Brasil por ela percorrido a aplaudiu em Manaus, Belém, Recife, Natal, São Luis, Brasília, Niterói, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, além de sua terra natal e outras cidades dos nossos estados. Reiteradamente acompanhada por pianistas de elevada categoria: Hermelindo Castello Branco, Izolda Garcia de Paiva, maestro Sérgio Magnani, maestrina Cláudia Morena e seu pai o maestro Francisco de Assis Horta Buzelin (*), por ela considerado o primeiro dos primeiros incentivadores e mestres de sua formação.

(*) Francisco de Assis Horta Buzelin (04/10/04 – 30/08/80) homem de virtudes e formação singulares. Graduado em Regência pelo Conservatório Mineiro de Música - BH. Casou-se com a senhora Helena Brito Buzelin, natural de Ouro Preto, MG, nascida em 26/08/08) . Professora, bibliotecária e escritora (“Otirb”) . O maestro exerceu cargos relevantes na administração pública de Minas Gerais e federal. Autor do “Hino a Belo Horizonte”, em parceria com o poeta Honório Silveira Netto.

Uma das mais marcantes atuações de Maria Helena Buzelin, ocorreu no Teatro Municipal do Rio de Janeiro em homenagem a Léo Perachi. Sob a lúcida e aclamada regência do mestro Henrique Morelenbaum, cantou o Moteto “Exultate Jubilate”, de Mozart, em 1962.

Rapidamente, integrou o estrelato da nossa principal “Opera House”, o Municipal Carioca, colocando-se no nível de aclamados cantores como Diva Pieranti, Paulo Fortes, Ida Micolis, Zacharia Marques, Assis Pacheco, Aracy Belas Campos, Carmen Pimentel, Lourival Braga, Alfredo Colósimo, Constante Morret, Maria Henriques e Nelson Portela. Alguns de exaustiva e respeitável relação.

Proclamados regentes conduziram-na sob a admiração e respeito por seu desempenho. Notadamente Santiago Guerra, Mario de Bruno, Sergio Magnani, Eleazar de Carvalho, Alceo Bocchino, Henrique Morelenbaum, e Jacques Pernod, do L´Opera de Paris.

Em l975, com o fechamento do Teatro Municipal do Rio de Janeiro para sua reforma - situação em que o mesmo iria permanecer fechado por considerável período - interromperam-se as atividades operísticas ali realizadas sob forma de temporadas líricas oficiais, a cada ano. Tal fato teve enorme repercussão no meio dos artistas que se dedicavam à ópera, causando desânimo geral, pela falta de mercado de trabalho que ocasionou no setor. Em vista disso, Maria Helena Buzelin, Diva Pieranti, Paulo Fortes, Ruth Staerk, Zacharia Marques , idealizaram apresentar óperas de forma resumida que denominaram “mini óperas”, acompanhadas ao piano.Tais “minióperas” eram narradas pelo festejado Nonelli Barbastefano. Projeto que mereceu do então ministro da Educação Ney Braga, total apoio. Assim, o grupo percorreu todo o país, com grande êxito. Da mesma forma, foi mantida a chama da atividade operística.Enfim, meritório esforço do grupo de artistas, todos com muita disposição nesta militância de dedicação à música.

Por iniciativa da Sociedade dos Artistas Líricos (SALB), então sob a presidência do cantor João Carlos Ditert e com a participação de Maria Helena Buzelin e outros cantores de primeira linha, foi iniciada também uma série de espetáculos, de freqüência semanal, no Teatro “Glauce Rocha” (Rio), a que se deu o nome de “Segundas Líricas”. Espetáculos que apresentaram árias, duetos e outros trechos das grandes óperas, atraindo considerável público. Nada menos que mais uma tentativa para que a ópera não sofresse solução de continuidade no Rio de Janeiro.

Enquanto o Municipal esteve fechado, levou-se à cena no Teatro “João Caetano” (Rio), a ópera “O Homem Só”, de Camargo Guarnieri. Maria Helena Buzelin, ao lado de Fernando Teixeira, notável barítono brasileiro, amealhou um dos seus mais expressivos triunfos, pela versatilidade de três personagens.

Nesse período, inúmeros foram os espetáculos cameristas realizados na Sala “Cecília Meireles” (Rio), nos quais Maria Helena Buzelin atuou. Dentre eles,

- “Stabat Mater“, de Pergolesi, com a Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio MEC, sob a regência ilustríssima de Alceo Bocchino;

- “Matinas do Apóstolo S.Pedro”, do Pe. José Maurício Nunes Garcia, sob a regência admirável do maestro Júlio Medaglia;

- “Pequena Missa Solene”, de Rossini, com a Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio MEC, regida por Alceo Bocchino.

A partir da sua reabertura, o Teatro Municipal Carioca passou a realizar espetáculos de modo descontínuo, descaracterizando temporadas. Foi então que Maria Helena Buzelin participou como “Zerlina”, de “D.Giovanni” e “Pamina”, da “Flauta Mágica”, ambas de Mozart, e “Micaela”, da “Carmen”, de Bizet.


Sucederam-se vários recitais, destacando-se os realizados na Sala “Cecília Meireles”(Rio), acompanhados pelo emérito pianista Hermelindo Castello Branco; na Escola de Música da Universidade do Rio de Janeiro, com a insigne professora e pianista Cláudia Morena. Esta que, ainda, acompanhou a cantora em dois concertos no Museu de Arte de São Paulo.

Além do Rio e de São Paulo, Maria Helena Buzelin era convidada a atuar em outras capitais brasileiras, sobretudo em Belo Horizonte pelo Palácio das Artes ou nos auditórios do Minas Tênis Clube e do Pampulha Iate Clube, sob a coordenação do exímio produtor Palhano Jr.

Sem quaisquer solenidades, pode-se dizer que sua despedida dos palcos líricos ocorreu em Belo Horizonte , em 1984, revivendo “Micaela”, na ópera Carmen, de Bizet, sob aclamação da crítica e do público.

Foram 25 anos de frutífera carreira, ao longo dos quais Maria Helena Buzelin amealhou respeitabilidade e admiração social. Acabou célebre e apontada como a mais cogitada e melhor “Butterfly” deste Brasil, seguindo os passos de Violeta Coelho Netto de Freitas!

Integram seu repertório de obras cameristas : “Dido e Enéias”, de Purcel, levado em Brasília com êxito, sob convite de Norma Sylvestre, no Teatro Nacional; “Bastien und Bastienne”, de Mozart, outro título que soube defender, desde o início da sua carreira em Minas Gerais.

Da sua obra fonográfica fazem parte “Jóias do Canto Brasileiro” e da “Brasiliana”, editada pela FUNARTE-Rádio MEC-Rio: “Antologia Romântica da Música Brasileira e “A Ópera na Corte Imperial”.

Gravou inúmeros programas para a TV Globo (Rio),tais como “Concertos para a Juventude”, dirigidos por Marlos Nobre; “Madame Butterfly”,como miniópera. Gravou , ainda, pela Funarte, a ópera “O Homem Só”, exibida nas praças cariocas.Participou, também, de programas conduzidos por Flávio Cavalcanti, Bibi Ferreira e Jota Silvestre (Rio).

Em Belo Horizonte , deixa acervo televisivo e fonográfico editados pela extinta TV Itacolomi, dos Diários Associados e pela Rádio Inconfidência (óperas completas levadas pela Sociedade Coral de Belo Horizonte, no Teatro Francisco Nunes).

Várias vezes foi premiada com o “Orpheu” (melhor soprano das temporadas líricas em Belo Horizonte ); Personalidade do Ano, (JB-Rio) por sua atuação em “Falstaff”, no Municipal; Colar do Mérito Artístico de Minas Gerais, no Grau Oficial, conferido pelo Collegium Artium da Fundação “Clóvis Salgado” em Belo Horizonte , bem como a Medalha de Honra desta cidade.

Foi solista das seguintes Orquestras:

-Teatro Municipal do Rio de Janeiro;
-Sinfônica de São Paulo;
-Sinfônica de Minas Gerais;
-Sinfônica Brasileira;
-Sinfônica do Teatro Nacional de Brasília;
e
Sinfônica Nacional da Rádio MEC (Rio).

Atuou sob a regência dos seguintes Maestros:

Eleazar de Carvalho,
Sérgio Magnani,
Santiago Guerra,
Henrique Morelenbaum,
Mário de Bruno,
Emílio César de Carvalho,
Jacques Pernod,
Carlos Eduardo Prates,
Isasc karabchevsky,
Júlio Medaglia
e
Sebastião Vianna.
Entre os principais pianistas que a acompanharam citam-se:

Francisco Buzelin,
Hermelindo Castello Branco,
Cláudia Morena,
Izolda Garcia de Paiva,
Willian Naboré,
e
Renata Cox
.

Além de uma voz belíssima, de uma técnica de canto comparável às maiores cantoras do mundo, distinguiu-se pela perfeição de suas interpretações, sempre baseadas em meticuloso estudo e intensas práticas das obras e papéis que interpretou.

Em reconhecimento ao seu mérito, foi eleita e tomou posse em 26 de março de l993, como membro efetivo da Academia de Letras e Música do Brasil, sediada em Brasília-DF, para ocupar a Cadeira número 57 que tem como patrono Heckel Tavares e titular anterior a consagrada pianista Magdalena Tagliaferro.

Destacada nos meios musicais brasileiros, seu nome constitui referência elogiosa na configuração do canto lírico e camerista, bem como em relação à sua personalidade e ao seu caráter pessoal e profissional. Nessa trajetória de uma carreira palmilhada de lutas e êxitos, estendeu a mão a tantos quantos a procuraram na busca de orientação e até mesmo de preparação para o palco.

No exterior, tão logo chegou nos Estados Unidos, no início da década de 1960, foi recebida por Bidu Sayão, pelas mãos de Dora Vasconcellos e Nair Mesquita, adida cultural e assessora do Consulado Brasileiro em Nova Iorque , respectivamente.

Nesta oportunidade foi ouvida em audição restrita por Giuseppe Danise, diretor do Metropolitan Opera of New York, a própria Bidu Sayão e expressivas personalidades do mundo musical local.

Teria, no dia seguinte, feito audição no MET – NY, não fosse a lamentável e surpreendente morte de Danise, ocorrida naquela madrugada.

Contudo, tal fato não a impediu de percorrer na direção de outras apresentações que aconteceram em Kansas City e Texas, principalmente.

Em Dallas, com seu antigo professor maestro Hellmann, fez programas de TV, chamando a atenção de Lily Pons, das maiores divas do planeta, de todos os tempos.

Em Leavenworth, Kansas, foi agraciada com a “chave de ouro”, da cidade, por haver cumprido programação filantrópica. Enquanto em solenidade oficial entoou o Hino Nacional Americano, sob aclamação, em glorioso momento da sua carreira.

Sólon Alberti, respeitado e conhecido educador, convidou-a a ilustrar palestras suas em Workshop sobre Ópera na Universidade de Kansas.

Na Europa, em Genebra, Suíça, fez programa pela rádio Suisse-Romande, tendo as gravações do mesmo sido irradiadas no Velho Mundo.

Assim Maria Helena Buzelin pode ser conhecida em Portugal, na França, na Itália, na Alemanha e em muitos outros países.

Em seu programa na Rádio Suisse Romande,em Genebra, foi acompanhada pelo pianista William Naboré, com o qual interpretou, entre outras peças, as “Bachianas número 5” (Ária e Cantilena) e “Inhapope”, de Villas-Lobo.

No mesmo programa foi acompanhada por Marlos Nobre, em três das suas próprias músicas.

Ao regressar dos Estados Unidos, protagonizou a ópera “ La Traviata ”, de Verdi, convidada pelo maestro Sergio Magnani e o empresário Wilson Simão, de Belo Horizonte.Foi um de seus maiores desempenhos, que lhe valeu múltiplos contatos em todo o Brasil.

Nos anos finais da sua vida, toda ela dedicada à arte musical, recebeu da ilustre cantora Maria Lúcia Godoy carinhoso incentivo de profunda e indisfarçável admiração, aliás, recíproca. Godoy procurou despertar no espírito e na consciência de Maria Helena Buzelin a necessidade, conveniência e oportunidade de se resgatar sua memória. Foi então que a própria Buzelin, no seu prazeroso recolhimento doméstico, iniciou o processo de seleção musical e textual da sua imensa e qualificada carreira.

Aqui, o registro dos agradecimentos à Godoy os quais Maria Helena Buzelin sempre fez questão de enfatizar.

Faleceu em Belo Horizonte no dia 02 de novembro de 2005, amparada pelo esposo, amigos e parentes.

Foi sepultada no Cemitério do Bonfim dessa cidade. Sua generosa alma, inclusive pela bondade e religiosidade, certamente estará diante de Deus, nos Céus, onde participa do coro angelical.

Devota que sempre foi de Nossa Senhora de Lourdes, não raramente emprestava sua voz aos templos durante as solenidades e os ritos eclesiásticos, acompanhada pela organista mineira Auxiliadora Franzen de Lima. No Rio, com a maestrina Cláudia Morena, habitualmente cantava em louvor a Deus.

" MARIA HELENA BUZELIN NÃO MORREU.

FICOU ENCANTADA,

COMO DIRIA

GUIMARÃES ROSA,

POETA MAIOR

DE MINAS GERAIS. "

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