quarta-feira, 24 de maio de 2017

MYRIAN DAUELSBERG - A FORÇA MOTRIZ DA DIVULGAÇÃO DA MÚSICA ERUDITA (ENTREVISTA A LAURO GOMES)

A emoção bateu forte, enquanto o coração se regozijava de prazer e até uma dor de estômago cedeu agruras ao bem estar.Ao bem estar de estar bem,De me sentir revalidado, como se fora, até então, um bilhete corrido,diante das inconsequências pelas quais atravessa o nosso país.Em que a grosseria assume o lugar da lhaneza,da estética, da ética e da etiqueta. Não há sequer um momento  em que os meios de comunicação disponham de espaços para a elevação da condição humana.Sobretudo do espírito que monitora a mente. A inteligência parece ceder lugar à incoerência, à ilogicidade, ao grotesco, com propostas destrutivas, do terror que invade valores sedimentados pela educação e cultura.Valores históricos destituídos de memória que os preserve, fazendo valer o "vale tudo",deformando a prudência, o raciocínio, enfim, a própria vida.

Mas , repito, a  emoção bateu forte ao me deparar com uma das grandiloquentes entrevistas empreendidas por Lauro Gomes, postadas também neste blog que dá início a um novo e fascinante recomeçar da minha peregrinação,até então jornalística, superada pela modernidade e eficácia da rede social. E, assim, o faço, com maior amplitude, lembrando das editorações da imprensa escrita, tão limitadas pela mais cáustica da imposições: a diagramação contemplando o exato número de caracteres, etc. etc..

Havia ontem,encontrado Bidu Sayão falando para o referido comunicador.Algo de supremo valor, em que a eterna "diva" pátria, reportando-se a sua vida e carreira, arrebatou-me ao desafio para superar obstáculos e continuar sem  quaisquer desânimo, a construir a missão que adoto por amor: falar da música e seus agentes, em primeiro lugar.

Agora, reencontro Myrian Dauelsberg, amiga que guardo  na alma, mediante respeito e admiração. Admiração que não imaginava que pudesse ser maior.Aliás, mensurar sentimento é força de expressão, porque ninguém pode amar "muito". O amor, como a amizade e a admiração não dependem de superlativos ou diminutivos. São, ou não são, como o "to be or not to be" shakespeariano. Em suma, ali estava Myrian, tão ela mesma, plena de delicado sentimento humanitário e portentosa de suas convicções realizadoras. Mestra, acima de tudo, não apenas forma pianistas, mas, seres humanos dotados de talento.Do dom de Deus, sem o qual, impossível  seria a execução do instrumento que ela domina de maneira irretocável.

Óbvio que sua grande contribuição ao cultivo, ao culto e à divulgação da música erudita,chega antes como uma bandeira vitoriosa empunhada por um ideal exclusivo,absoluto. Nada menos que magnífico, definitivamente impregnado na consciência de um povo. Falo da Dell'Arte que atuou em Belo Horizonte pela década de l990, em que pude conhecer pessoalmente essa digna criatura, de infinitas realizações que aponto insuperáveis. Até hoje  não sou capaz de entender a razão pela qual esta cidade perdeu a chance de elevadíssima condição à aculturação.Por que? Insisto em perguntar!

Minha amizade com ela perdura.Vez por outra, trocamos conversa telefônica, enquanto a lembrança ( imorredoura lembrança) da sua mãezinha, saudosa e consagrada violinista Mariuccia Iacovino,chega como bálsamo.Devo dizer do carinho que sempre dedicou-me , em absoluta reciprocidade.Da minha parte, mais que simples carinho,a veneração que um artista merece quando consegue arrebatar. Tive o privilégio de assistir a um recital que ela deu no Conservatório , aqui em Belo Horizonte, empunhando com jovial energia o violino, numa execução bachiana de realçada complexidade.Vencedora como se saiu, foi ovacionada.Subi ao palco e não medi palavras para gritar hosanas...

Por  atavismo, consequentemente, Myrian fala de maneira tão singela,emoldurada de carisma que é a sua eterna referência.Mulher elegante,de marcante beleza que jamais se deprecia, simplesmente porque sua personalidade empreendedora é a marca que define um caráter honrado, de sentimento religioso em todo momento proclamado, para a glória de Deus.

Nesta caminhada, vencendo intempéries num país que pouco ou nada valoriza a cultura,mormente a música erudita,  Lauro Gomes consegue sobrepor-se a tudo isto; deriva seus caminhos, mas, jamais perde a direção.E, assim, consegue levar avante seu ideal.Digno de aplausos e estes os faço de pé!
                   
                     

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