quarta-feira, 28 de junho de 2017

A PRAÇA DA LIBERDADE NÃO ESTÁ SÓ...

Em sintonia com o título desta matéria, a praça da Liberdade não é a única afetada pelo descaso  do poder público.Símbolo da história desta capital, por muitos anos foi sede do governo do estado, palco de acontecimentos que marcaram os destinos deste país. Local  que, segundo a lenda, terá sido amaldiçoado por uma velha, considerada bruxa, que arrenegou o palácio  que seria construído no local em que morava, tendo sua casa desapropriada pela comissão que executava a construção da nova capital.Comentava meu avô, pioneiro, vindo de Ouro Preto,em razão do cargo de funcionário que ocupava,que o descontentamento com a transferência da capital acabou gerando pragas à "Cidade  Minas"(como fora batizada  a futura Belo Horizonte).Muita gente, revoltada,chegou a formar núcleos de "rezas bravas", macumbas, enfim, tudo que fosse possível para maldizer a nossa cidade. E parece que nalguns aspectos, tais antagonistas conseguiram lograr algum êxito.
Talvez eu esteja exagerando,mas, a coisa por aqui anda difícil!A indigência crescente, em que pessoas ocupam os logradouros, instalando-se miseravelmente,dormindo no chão,fazendo suas necessidades fisiológicas  em plena via pública, enfim, doloroso quadro considerado por algumas instituições como "direito".Direitos humanos, proclamados pela constituição como expressão da plena liberdade, em torno do qual,  nada se pode fazer, sob pena de se cometer uma arbitrariedade.Mas, se esquecem de que a responsabilidade do governo é propiciar a essa gente infeliz, condições de sobrevivência.De sobevivência pela educação, saúde, pelo saneamento básico, emprego, obtenção de renda.Em suma o dever de conferir a todo e qualquer cidadão, meios  para que todos tenham a devida ascensão social, etc. etc. Nunca, porém, esse populismo "misericordioso" da esmola como subsídio e maneira de se estabelecer o "eleitor de cabresto". Cujo voto é vendido por qualquer tostão.Ou, por vezes, em troca de um pão com mortadela, como se tem visto por aí...E de que modo fica o direito do cidadão que produz, paga impostos,em suma, que contribui para o bem estar das pessoas, sob quaisquer prestações de serviços? Este cidadão passou a não mais ter nenhum direito sobre as praças , principalmente as praças "revitalizadas", a elevadíssimos custos e destinadas aos desocupados, concorrentes dos miseráveis. Desocupados e criminosos.Pichadores que danificam bens públicos e particulares.Além de assaltantes que , por um celular de um adolescente, é capaz de cometer homicídios! Que "direito" é esse que vale, apenas, para alguns?
Volto à praça da Liberdade, para dizer que não está só.Ao contrário, suas paritárias encontram-se em situação bem pior.Ei-las:
PRAÇA RAUL SOARES: talvez a mais visada, não só pela sua localização,mas por ser passagem para o Hipercentro, Barro preto, Lourdes e Santo Agostinho.Entrecortada por  quatro grandes avenidas, dispõe de imenso espaço ajardinado, com fonte(outrora luminosa) e frondosas árvores, espécie de "paraíso"aos que a adotam para ali se acampar. Seus moradores que se danem.Nem mesmo lhes tem sido possível utilizá-la civilizadamente.Mas o IPTU não para de ser cobrado, sem nenhuma contraprestação ao contribuinte.A gente reclama com um policial e ele responde:"...não posso fazer nada, porque a constituição proíbe".No mínimo, piada que transforma gargalhada em revolta.Se a reclamação segue para prefeitura, tudo é prometido, mas,o atendimento dificilmente verificado.Se atende,logo logo,  o problema volta a se manifesta.Vide a esquina da Olegário Maciel, subindo para Lourdes, em frente ao JK. Um bando que a adotou como sua propriedade.O mínimo que faz é emporcalhar o ambiente, desalojando o comércio que não consegue conviver numa parceria de tal ordem,mediante absoluta razão.
Paisagisticamente, a Raul Soares foi maltratada. Os nobilíssimos postes de bronze e luminária cristalizada, foram substituídos por uma espécie de paus de fósforos gigantes, alguns já desmontados,sem reposição. Feios, jecas, sem relação paisagística com a praça, outrora cartão postal.Luxo que acabou virando lixo!!! E como ficam os moradores, com seus imóveis  desvalorizadíssimos? Olhem  o que se fez no "entorno": quarteirões fechados, inviabilizando a entrada principal do ed.Casablanca, tombado pelo patrimônio.E o quarteirão da avenida Augusto de Lima com a rua Sta Catarina? Um reduto de absoluta licenciosidade sexual, de baderna e poluição sonora.Como acontece, também, na avenida Bias Fortes, com seus bares barulhentos até altas horas da madrugada.Bem debaixo de  edifícios residenciais(Indaiá e Belo Horizonte).
A fonte imunda, passou a ser lugar de natação, banho e lavanderia.Uma vergonha desmedida.E não há reclamação que tenha êxito,ficando tudo, por isso mesmo,com os canteiros pisoteados, sem nenhuma flor,onde deveriam ter rosas...
PRAÇA SETE: que sempre foi a referência cívica Belo Horizonte, é hoje um mercado de camelôs sem limites, envolvendo pseudos artesãos que se dizem artistas, mas, na maioria desocupados,barulhentos, com talento para a droga e  o banditismo.Gentalha  pelos "encantadores" equipamentos,onde ficam deitados, assentados, urinando, evacuando, etc, etc.Quarteirões fechados, absolutamente descaracterizados por uma "urbanização"ridícula, a começar do pirulito, com seus postes laterais, descaracterizados por luminárias de material inferior, horríveis,  tanto quanto inadequadas, como as que foram colocadas na Raul Soares.Nada menos que desfiguração do requinte paisagístico anterior à "revitalização".
Seria bom que os encarregados de tais projetos, fizessem um estágio no Rio de Janeiro e dessem uma "olhada" na Cinelândia e adjacências, observando sobretudo os postes e os mosaicos que ornamentam toda área.Verdadeiros tapetes, ao contrário do que se tem feito aqui.
PRAÇA CARLOS CHAGAS:até então, um local muito agradável, bem frequentado, bucólico, com excelente pavimentação de pedras nobres. Noutras palavras, livre de demandas impróprias, tais como os skates que,agora, ameaçam aos que transitam por lá.Dominando toda antiga beleza da praça, a igreja N.Sra. de Fátima, principal indicação religiosa e turística, dispunha do seu adro(hoje inexistente) e o estacionamento que tanto  contribuiu para o "Caritas", projeto de benemerência,criado e dirigido pela dita paróquia.Além do mais, facilitava o acesso de fiéis às missas de sábado e domingo.
Com a "revitalização" que durou meses de dispêndio de dinheiro público, a praça perdeu seu charme.Virou uma espécie de parque,envolvendo a frequência, inclusive de vândalos.E o mínimo, foi a pichação, até então inexistente. Obra, em que o atual piso, sempre imundo, lembra os arcaicos "vermelhões", que foram matizados com material branco, à obtenção de uma cor rosada.Material tão inferior, que já se notam rachaduras, em meio a um chão encardido,manchado e até pichado.
A Assembléia Legislativa de |Minas Gerais, juntamente com a Prefeitura Municipal,-ao que consta- , responsáveis pelo projeto, não tiveram a esperada  consideração com a igreja católica.Neste aspecto, o emérito Padre Tadeu, então vigário, acabou vencido.E vencida ficou a igreja, ao ponto de quase perder  o prédio ao lado, construído para funcionar como secretaria e dependências para as indispensáveis necessidades da paróquia.A alegação é de que " enfeiava " a paisagem...Diga-se de passagem que por meses, somando mais de um ano,as obras quase inviabilizaram o acesso à igreja, com prejuízos aos seus frequentadores. O resultado talvez tenha beneficiado, apenas, o reduto da Assembléia e a criação de área de lazer que sem dúvida, pode ser considerada oportuna,lamentando-se, entretanto,a perda do estacionamento.
Com a nomeação do novo vigário, Padre Fernando, a igreja vem passando por inúmeras reformas e só Deus é testemunha da luta que o dinâmico sacerdote-com sua energia e peculiar dedicação- tem passado.Mister que o estacionamento seja recuperado, pelos benefícios que gera.
A SAVASSI:considerado centro de tradição cultural e comercial, a reforma pela qual se submeteu, quase levou à falência inúmeros estabelecimentos,lojas, galerias e congêneres.Durou um tempo enorme, com resultados que, apenas, deformaram tudo de bonito que ali havia. A começar pelas estruturas metálicas, tão jecas e tolas como jamais se vê numa metrópole. Sinais luminosos de trânsito, dependurados como roupa no varal; indicações de ruas e avenidas, numa provinciana concepção de inúteis equipamentos. Hoje totalmente pichadas, as inconcebíveis armações, com seus penduricalhos,só prestam mesmo para serem removidas, ainda que tanto dinheiro  terá sido jogado no lixo. E o povo pagando IPTU, para que? 
Aliás, em matéria de bom gosto paisagístico, Belo Horizonte que já foi bonita, mais parece, agora, uma colcha de retalhos, a partir dos edifícios aprovados pela prefeitura, autênticos caixotes erguidos sem qualquer  restrição. 
Invadida, como as demais praças revitalizadas, por desocupados, bandidos e vândalos, a Savassi não escapou, tornando-se lugar perigoso, notadamente à noite. Perigosa mesmo, além de perder sua expressão turística.
O tema abordado não esgota tanta reclamação em torno das ruas, praças e avenidas da cidade. Por exemplo, os passeios mal pavimentados, com mosaicos de um lado e cimento cru do outro, ainda que tenham a trilha para deficientes visuais, são feias arapucas, principalmente para estes, em que indicações os levam para um poste; uma vala ou para um ponto inconsequente.
MORAL DA HISTÓRIA: em que pese ser a praça da Liberdade um marco  de relevante expressão, mister que se pense na sorte  das demais e de outros logradouros. É dever do governo municipal zelar pela conservação de toda cidade.A nossa imprensa, de certa maneira, tem sido omissa na medida em que só enxerga uma única praça, esquecendo-se das outras. É o espírito provinciano que parece persistir, como se Belo Horizonte fosse uma cidade de uma só praça. Mas é lamentável, muito lamentável, que a praça da Liberdade  se encontre numa situação deplorável.Quanto às demais, é bom nem comentar,sob pena de sermos acometidos de um infarto...Haja coração!!!




Nenhum comentário:

Postar um comentário

O RETORNO        Parafraseando o poeta, "depois de um longo e tenebroso inverno..." retorno a este    blogger, inspirado que sou p...