segunda-feira, 19 de junho de 2017

A ENFERMIDADE SOCIAL DO BRASIL

Durante o curso de Ciências Econômicas, dentre eméritos professores,jamais me esqueço do dr.  José de Faria Tavares.De elevada postura intelectual e evidente seriedade, cobrava-nos, sem quaisquer condescendências,o dever de aprender.Fazia arguições orais, sorteando o expositor que deveria falar para a turma.Numa bela manhã de primeira aula às sete horas, sobrou prá mim.Um susto! Ele, muito honestamente, colocava tão somente algum tema em torno do qual já havia ensinado em aula.Ainda assim, não era nada fácil... Chamou-me para ocupar sua cadeira(como se eu fosse dar uma aula); assentou-se na minha carteira, enquanto meus colegas me "gozavam" com aquelas caras de desafiante deboche.Eu muito pálido, tão magro,sorria sem graça, dominado pelo pavor de falar besteiras e levar, seguramente, um xingamento  daqueles! Então o professor colocou o ponto: "Você discorrerá sobre a epistemologia do objeto da Sociologia. Minha situação ficou ainda pior, sem saber o que seria aquela palavra tão esquisita.Olhei bem para o austero Tavares e perguntei: " ...episte, o que, professor? Ele acabou rindo e, generosamente, explicou que se trata dos  estudos críticos, dos princípios e das hipóteses das ciências já constituídas.A situação ficou pior para mim,mas, logo o mestre deixando de lado certo sadismo, abriu o jogo e disse: "...o que você sabe a respeito dos pensadores da sociologia?"Lembrando-me do que se tratava, fui adiante, começando por Comte e Spenser.Em seguida, falei de outros como Gabriel Tarde, Emile Durkein, mas, não deixei a "peteca cair" totalmente.

Analisando  a gravíssima situação brasileira dos últimos anos, busco, justamente nas proposições de Comte e Spenser,bem alinhavadas por outro notável mestre Emílio Moura que, através da Cadeira intitulada "História do Pensamento Econômico",comparava o organismo social ao humano.Aliás,a correlação com o pensamento dos referidos filósofos, despontava clara e curiosa.Noutras palavras,para os chamados fisicistas, como se  depreende dos ensinamentos de  Comte e Spenser- assim como o nosso corpo- o "corpo social" também é vulnerável às enfermidades, algumas letais.
É isso aí. O "corpo social" do Brasil está assolado por uma doença quase incurável.E o pior, é concluir que tudo decorreu de inusitada corrupção ativa e passiva, envolvendo quase todo universo político,  nos níveis governamentais.É o "corpo social"consumido pela enfermidade que não é apenas física.É, sobretudo, moral.Porque antes da miséria, entra a desonra. 
No exercício de um dever patriótico, compareço às urnas.Ano que vem, teremos eleições diretas, o único remédio para a recuperação do moribundo"corpo social", é claro, depois que essa camarilha estiver encarcerada ou banida do país.


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