terça-feira, 6 de junho de 2017

FALANDO COM VOCÊS 2

Jamais me esqueço  do notável Ênio Tavares, meu professor de português do colégio Santo Agostinho, onde fiz os cursos ginasial e científico (como eram chamados naquela época ).E por isto mesmo, espero que não esteja lendo como escrevo neste blog.Simplesmente, porque aqui, procuro a linguagem coloquial. Ao contrário das matérias que por 40 anos publiquei em diversos jornais e revistas,não mais me preocupo com a necessária ordodoxia de um texto crítico, sofisticado pelas palavras específicas  que só interessam aos intérpretes do gênero, etc. etc.

Assim,ao contrário do que deveria fazer, pouco me preocupo com certos princípios gramaticais, fazendo valer a espontaneidade da conversa... Perdoem-me se, por vezes, deixo de lado pronomes reflexivos,ou início   uma oração com o verbo no gerúndio.O que, enfim, desejo, é poder passar com autenticidade minhas experiências, quase biográficas.Ademais, discordo da nova ortografia.Penso que tais  modificações reduziram em demasia, o lirismo regionalista do nosso idioma.Sobretudo quando se fala de poesia; do trema na palavra "saüdade"ou  dos acentos diferenciais  do verbo "poder", no pretérito.O que tem gerado muita confusão.



O mínimo que faço, é pedir desculpas a todos vocês, certo de imerecida compreensão.


Tenho falado das amizades de pessoas muito famosas sem, contudo, querer me promover,voando com asas alheias.Mas,entendi que tais manifestações, podem ser curiosas. E que deveras, sustentam o meu ego sem , contudo, deixar-me levar por qualquer espécie de tola vaidade.

Verdade verdadeira que muitos duvidam, é que um dia, pude ver Joan Crawford dentro de um carro oficial, em pleno centrão do Rio de Janeiro.Chamou-me a atenção aquele veículo passando por ruelas tão estreitas, sob aparato policial.A famosa estrela de Hollywood dirigia-se a uma livraria, onde daria autógrafos, ou coisa parecida. Imediatamente, corri em direção da viatura tão lenta,tendo podido abrir a porta para que a bela  mulher(muitíssimo bonita, a despeito  da idade avançada), desembarcasse segurando-me a mão.Foi, para mim uma glória! Seu perfume impregnou-se nos meus dedos.Ainda assim, meus parentes não  acreditaram na minha conversa... De outra vez, por ingerência de Elizeth Cardoso que atuava  na boate do Copacabana Pálace, pude com o beneplácito do porteiro de então, assistir ao show de Marlene Dietrich,através de uma cortina entreaberta,sem que fosse visto. Por incrível atrevimento(conhecendo bem o caminho do camarim), ao final do espetáculo, fui até lá, bati na porta e gentilmente recebido por ela que trocou umas palavras comigo, em espanhol.Eu falei  num portunhol da pior qualidade. Mas, a delicadeza de La Dietrich foi maior, muito maior, que a minha audácia de um jovem, quiçá afoito e pretensioso!

Tais acontecimentos ocorreram nos anos de l970, se bem me lembro. Crawford, - casada com o magnata da Pepsi-fazia  apologia do refrigerante.Dietrich cumpria temporada de dois dias no Golden do Copacabana, sob cordial licença da  "divina" que, também, ali atuava no "Sambamba", de Carlos Machado.


Joan Crawford

Marlene Dietrich


Prometo parar de falar das minhas façanhas. Mas, pela fascinante criatura que um dia, minha mulher e eu, pudemos conviver, vejo-me no dever de enaltecer uma das mais aclamadas atrizes que escolheu o nosso país como segunda pátria. Refiro-me à Henriette Morineau. A grande dama do nosso teatro estava em turnê com Eva Todor, no Teatro Marília.Ainda que não me recorde do nome da peça que se referia a qualquer coisa alusiva à "quarta-feira...", devo afirmar que se tratava de uma das mais comovedoras encenações de prosa que jamais assistira.Algo de suprema beleza! Como de praxe, Zélia e eu fomos cumprimentá-las e, logo, Morineau nos pediu "carona", alegando muito cansaço. 

Pelo caminho, mostrou-se desejosa, de comer alguma coisa.  Zélia então convidou-a para nossa casa, onde havia um lanche que ela sempre preparava para noite. A atriz achou boa a idéia e, a partir de então,estabeleceu-se um amável convívio. Ela passava algumas horas da madrugada conosco, num "papo" memorável que tanto nos enaltecia! Acabou no coração da gente aquela senhora de aparência enérgica, distante, com um gostoso sotaque francês e uma alma burilada.

FOTOS: em minha residência:

1) Mme. Morineau ladeada por minha mulher e eu. 

2) Mme.Morineau e eu.   
31/10/1979





Henriette Morineau



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LIBERTAD LAMARQUE 



Seria omissão se não falasse da entrevista que fiz com Libertad Lamarque, (extraordinária intérprete do tango argentino e atriz cinematográfica)quando esteve em Belo Horizonte,se não me engano em l995, atuando no Minascentro.Ela perguntou-me se eu havia visto algum dos seus filmes.Disse a ela que acompanhava minha mãe, quando tais filmes da Pelmex (México) eram exibidos no cine Candelária.Alguns dramalhões, com belíssimas músicas por ela interpretadas.Mas, qual foi o meu aperto, quando me pediu que a levasse ao aludido cinema que gostaria de conhecer. Ocorre que a famosa sala da Praça Raul Soares já havia se transformado em lugar proibitivo, não só pelos filmes pornográficos (com amplos cartazes em seu frontispício), como pelo seu público  suspeito. Foi muito difícil fazê-la entender que eu não poderia atender ao seu pedido. Aleguei estar atrasado para o meu trabalho e fui saindo de fininho.Ela não entendeu nada daquilo, acenando-me de longe...Mais tarde fui ao show, tendo sido  muito bem recebido por ela.Ofereceu-me um exemplar do seu último LP, com carinhosa dedicatória.





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